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Ex-colega de Adnet na MTV canta nas ruas e revela mágoa por demissão

Felipe Ricotta com o figurino de Kiabbo na MTV - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Felipe Ricotta com o figurino de Kiabbo na MTV
Imagem: Arquivo pessoal

Paulo Pacheco

Do UOL, em São Paulo

18/08/2017 04h00

Antes de virar global, Marcelo Adnet ganhou fama no programa "15 Minutos" (2008), da MTV, ao lado de um rapaz mascarado que adorava tocar violão e, aos poucos, ficou mais popular do que o próprio humorista. Ele era Kiabbo, personagem de Felipe Ricotta. Atualmente, fora da televisão, ele leva seu violão para as ruas.

Hoje, Ricotta mostra seu rosto sem problemas, mas continua misterioso. Por exemplo, não gosta de revelar a idade. Sem telefone nem residência fixa há mais de sete anos, ele fez shows em cinco países sul-americanos e visitou 24 cidades brasileiras na turnê "Qualquer Lugar da Rua Tour", título que resume com perfeição o atual trabalho dele.

O músico já foi visto tocando no meio de avenidas, em cima de latas de lixo e até em copas de árvores. Ele costuma ser reconhecido e fotografado por pedestres e motoristas e comemora a repercussão os shows, mas esclarece que não passa necessidade e toca nas ruas por vontade própria.

Felipe Ricotta se apresenta na avenida Paulista - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Felipe Ricotta se apresenta na avenida Paulista
Imagem: Arquivo pessoal
"Com essa tour, ganho uma popularidade local instantânea absurda, viro o assunto da semana na cidade. Mas algumas pessoas não sacam qual é a ideia: 'Coitado, era da TV e agora está na rua mendigando!', pensam que você está na rua por necessidade, porque ficou maluco, por não ter público ou não ter onde tocar. No meu caso, é uma opção muito bem pensada", explica Ricotta ao UOL.

Ricotta vende seus cinco discos também na rua, mas interpretando um personagem, o ambulante Ademiro Noronha: "Embora não faça mais comédia na TV, uso ela para vender minha música, minha literatura e minha arte visual. Tenho que lidar com uma certa marginalização da sociedade por fazer as coisas dessa maneira".

Demissão e mágoa da TV

Contratado pela MTV em 2006 para levar seu blog para a televisão, Felipe Ricotta aceitou trabalhar com Marcelo Adnet por "inconsequência" e "irresponsabilidade". Impulsivo, topou fazer parte do programa "15 Minutos" com duas condições: não revelar o nome nem mostrar o rosto. Surgiu, então, o Quiabo (posteriormente Kiabbo). O nome, diz o músico, foi inspirado em Claudia Leitte.

"No VMB de 2007, eu me apaixonei pela Claudia! Não conseguia parar de olhar para ela com aquela cara de peixe morto. Ela se despediu e, quando me deu um beijinho, disse: 'Tchau, babá [responsável pelos convidados da premiação]... opa, quer dizer, babão, né?' Quando pensamos em um nome, descobri qual era meu apelido na redação: quiabo, porque quiabo baba! Tempos depois, ela lança 'As Máscaras' e eu falava: 'Foi para mim!'", brinca.

Após dois anos de sucesso, Ricotta foi demitido e trocado por Rafael Queiroga, amigo de Adnet: "Eles me mandaram embora porque eu não quis tirar a máscara. No segundo ano do programa, queriam que eu fizesse o blog e eu não aceitei porque realmente já estava em outra. Minha prioridade sempre foi meus trampos sérios. Não queria associar minha imagem com a comédia, nem com nenhuma emissora".

Ricotta acha difícil voltar à TV por causa da saída tumultuada da MTV: "Precisariam superar a mágoa que eles têm comigo por ter me recusado a dar minha cara para eles... é uma galera muito vaidosa, que não lida bem com rejeições desse tipo".

"Adnet e eu nunca fomos amigos"

A amizade com Adnet no programa não se repetiu na vida real. "Nunca fomos amigos", afirma. Após a demissão, Ricotta chegou a chamar o ex-colega de "chato" em entrevistas. Recentemente, os dois voltaram a se falar, mas o músico não pretende reatar a relação profissional porque acha o trabalho do humorista "medíocre".

"Na última vez que a gente se viu, ele disse: 'Quero manter uma relação boa contigo, porque sei que você sabe muito sobre mim'. Sempre foi difícil para ele aceitar o fato de que, por mais que ele seja mega ultra popular, eu não me importo nem um pouco com o que ele faz. Não me interessa, as pessoas que eu admiro são outras. Como artista, eu acho ele medíocre. Essas parodiazinhas, esses filmes de roteiros duvidosos para o grande público, Deus me livre. Na época, todo mundo adorava, era uma legião de puxa-sacos insuportável."