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Fora da TV, André de Biase lembra "Armação Ilimitada": "Éramos como a Xuxa"

Giselle de Almeida

Do UOL, no Rio

22/08/2017 04h00

Eles marcaram época na TV - tanto, que 32 anos depois, Juba e Lula estão no ar mais uma vez, com a reprise de "Armação Ilimitada" no canal Viva. Afastado da telinha, André de Biase comemora o interesse do público na história dos sócios surfistas, que disputavam o coração de Zelda (Andréa Beltrão).

"É um fenômeno que marcou uma época maravilhosa na vida das pessoas. Era um projeto arriscado, diferente de tudo que era feito. A partir dele, surgiram programas com outra velocidade, com outra linguagem. Para mim, estar reprisando até hoje é motivo de muita alegria", diz o ator de 60 anos.

O último trabalho de Biase na TV foi a novela "Vitória", na Record, em 2014. Desde então, sem contrato com nenhuma emissora, ele tem se dedicado a outros projetos - filmou recentemente o longa "O Calvário" e está produzindo a série "Rádio Patrulha", que negocia para canais da TV fechada. 

"Armação Ilimitada" - Divulgação - Divulgação
"Armação Ilimitada"
Imagem: Divulgação

"Se tiver um convite legal, eu faço. Preciso trabalhar também como ator, adoro fazer isso. Passei minha vida toda num set de gravação, mas não estou vendo muito espaço, gostaria de ter mais. Fiquei oito anos na Record, que não é uma janela como a Globo."

Sobre a Record ele diz: "Agora está todo mundo lá, mas a emissora mudou muito. O cuidado com elenco e a equipe técnica não é mais o mesmo [desde a entrada da produtora Casablanca]. Internamente, as pessoas reclamam muito de trabalhar lá".

O período que passou na casa, no entanto, ele avalia como uma experiência positiva.

"Estava na Globo fazendo 'Malhação' havia seis anos, e queria mudar. Me chamaram para fazer 'Os Mutantes', que foi uma novela muito legal. E depois fiz um personagem ótimo em 'Ribeirão do Tempo', o prefeito Ari Jumento, que era uma espécie de Odorico Paraguaçu, foi um trabalho de composição elaborado. Gostei muito de fazer", relembra.

Casado há 25 anos com Cristina e com dois filhos Pedro, 34, e Felipe, 32, de seu primeiro casamento, Biasi se tornou ator meio por acaso e não tinha planos de ser profissional.

Primeiro, ele foi convidado para estrelar "Nos Embalos de Ipanema" (1978), depois vieram os sucessos "Menino do Rio" (1981) e "Garota Dourada" (1984), filmes que geraram interesse da Globo em investir em histórias protagonizadas por jovens atores. Inspirada em  Butch Cassidy e Sundance Kid, a dupla de "Armação Ilimitada" ganhou um ar abrasileirado e conquistou Boni, então diretor-geral da emissora. Mas a aceitação não foi instantânea.

"Foi difícil. Na época não existia programa de jovens. Não era uma coisa comum. Demorou um ano para fazer sucesso. As crianças começaram a gostar do projeto, era um programa de meninos. Depois foi conquistando espaço: era mensal, virou quinzenal, aí a gente ganhou o prêmio Ondas [na Espanha]. Só então a gente começou a ser visto com outros olhos pela crítica e pelo público mais velho", lembra.

A série, admite, mudou sua vida completamente. "Eu e Kadu éramos quase a Xuxa. A gente fez shows nesses eventos aconteciam no Brasil, que tinha a Xuxa, Os Trapalhões e Armação Ilimitada. A gente gravou disco pela Polygram, que vendeu 100 mil cópias, lançou livros, fez licenciamento de história em quadrinhos, roupas. A gente virou 'megastar' com esse projeto. Foi uma época maravilhosa, de muito trabalho. E quando você trabalha muito não tem tempo de saborear o sucesso. É meio cruel isso. Precisei de alguns anos sabáticos para ficar mais calmo", recorda.

O título de galã nunca o incomodou, mas o assédio chegou a ser uma questão, sim.

"Sofri muito, tive alguns momentos de solidão, de não conseguir sair na rua. A gente recebia proposta de tudo que é tipo, mãe querendo 'vender' a filha... Acontece muito. Todo mundo quer um pedaço de você. Imagina o Neymar hoje... Tem que ter uma cabeça muito boa", diz o ator, que garante nunca ter se deslumbrado com a fama.

Juba (Kadu Moliterno) e Lula (André de Biase) em "Armação Ilimitada" - Divulgação - Divulgação
Juba (Kadu Moliterno) e Lula (André de Biase) em "Armação Ilimitada"
Imagem: Divulgação
Segundo as contas de Biase, os protagonistas da série não demoram a surfar outras ondas, agora no cinema: um filme estrelado pela dupla, projeto que André e Kadu acalentam há anos, está "quase nos finalmente". 
 
"Vem aí 'A Última Aventura'. A gente deve entrar em produção no início do ano, para lançar no verão do ano que vem. É um grande golpe. Depois de 30 anos, eles se reencontram para viver a mais louca aventura da vida deles. Eles já estão velhos, com todos aqueles sintomas, o corpo vai apontando a idade, o cansaço", conta.
 

Mas se o tempo passou para a dupla dinâmica na ficção, também passou para seus intérpretes, certo? Os sessentões vão precisar de mais dublês agora?

"Olha, eu não sei (risos). Acho que não, a aventura deles não é de moto, carros. É uma aventura mais emocional, muito mais de inteligência do que física. E Kadu está igual a uma criança, sarado. Eu também estou bem de saúde, nós continuamos praticando esporte. Vendo atores antigos que continuam fazendo filmes de ação, como Stallone, o Schwarzenegger, o Bruce Willis. É mais ou menos isso que a gente vai fazer", conta.

O filme, que tem roteiro assinado por Ingrid Zavarezzi, também vai contar uma dupla de atores jovens (ainda não divulgados), que conversa com as plateias mais novas. O que não impede o longa de ser uma grande sessão nostalgia.
 
"Vamos levar todo aquele público dos anos 80 90 e começo dos anos 2000 que adorava a gente. Vai criar uma catarse. O importante, para mim e para o Kadu, é a gente fechar o ciclo. Acabou e ficou um gostinho de quero mais", afirma.
 
 

Os amigos heróis estão voltando! #jubaelula #herois #andredebiase #kadumoliterno #armaçãoilimitada #brevenoscinemas

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