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Ex-chefe da Record volta à TV com Neymar: "Não me vejo dentro de emissora"

Vildomar Batista posa com Neymar Santos no Instituto Neymar Jr.  - Divulgação
Vildomar Batista posa com Neymar Santos no Instituto Neymar Jr. Imagem: Divulgação

Paulo Pacheco

Do UOL, em São Paulo

19/12/2017 04h00

Os programas especiais de Neymar que o SBT exibirá nesta semana marcarão o retorno à televisão de Vildomar Batista, ex-diretor artístico da Record. Fora da TV há dois anos, ele comanda os projetos audiovisuais do instituto que leva o nome do jogador. "Neymar Jr. Entre Amigos" irá ao ar nesta terça-feira (19), mesmo dia da gravação do concerto "Feliz Natal Brasil - Believe".

Vildomar fez questão que seu trabalho atual fosse veiculado pelo SBT, onde começou sua carreira na televisão, aos 18 anos. O amigo secreto de Neymar com os "parças" e o concerto, que será gravado no Allianz Parque (estádio do Palmeiras, na zona oeste de São Paulo) e exibido no próximo sábado, serão apresentados por Patricia Abravanel. Os especiais também irão ao ar no canal pago Fox Sports.

Vildomar Batista com Silvio Santos - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Vildomar Batista com Silvio Santos
Imagem: Reprodução/Instagram
"A escolha da ida desses projetos para o SBT foi minha, com a aprovação do instituto e da família. O SBT é a casa onde comecei a trabalhar. Tenho uma gratidão gigante, amo essa emissora porque foi a que deu minha primeira oportunidade. Comecei no setor de contas a pagar, pois trabalhava em um banco, mas minha pretensão era a televisão. Pagava os cachês e salários dos artistas e diretores e, aos poucos, fui tentando convencê-los para me levar ao artístico", explica Vildomar ao UOL.

O diretor mobilizou 350 profissionais para trabalharem no concerto, que contará com participações de Anitta, Cláudia Leitte, Larissa Manoela, Wanessa, Alexandre Pires e Daniel, além da Orquestra Jovem do Estado de São Paulo (Escola de Música do Estado de São Paulo Maestro Tom Jobim).

Para o amigo secreto, ele comandou as gravações em Paris, Barcelona, Londres, Liverpool e Manchester, onde estão os principais amigos boleiros do craque, como Marquinhos, Daniel Alves, Messi, Suárez, Willian, Philippe Coutinho e Gabriel Jesus.

Relação com Neymar sem tietagem

Vildomar Batista trabalha para o Instituto Neymar Jr. há um ano. Ele procurou o pai do atacante do Paris Saint-Germain e ofereceu os serviços de sua produtora de conteúdo. O primeiro projeto foi o leilão, realizado em junho, em meio à separação do jogador com Bruna Marquezine. Na noite do evento, o craque tentou ofuscar as notícias sobre o fim do namoro aparecendo com um novo --e esquisito-- corte de cabelo.

Em 2018, além das novas edições do leilão, do concerto e do amigo secreto, Vildomar planeja outra parceria com alguma emissora (em fase final de negociação) para criar uma espécie de "Teleton do Neymar", que deverá ser exibido já no primeiro semestre.

"O projeto 'Eu sou do bem, eu faço o bem' lembra muito o Teleton. A mecânica do projeto depende da emissora que está negociando. Não vamos pegar 24 horas da programação e fazer uma operação dessa. Vamos com mais humildade. É um sonho, mas sabemos que isso tem custos e implicações para a emissora que cede sua grade", antecipa.

Vildomar Batista com pai de Neymar - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Vildomar Batista com pai de Neymar
Imagem: Reprodução/Instagram
Para Vildomar Batista, trabalhar para Neymar e seu instituto é um "privilégio que não tinha havia décadas", mas o diretor de TV prefere os bastidores. Ele não tem nenhuma foto ao lado do craque brasileiro. O máximo que conseguiu foi posar ao lado de um "Neymar de papelão" ao lado do pai do jogador.

"Meu filho tem várias fotos com ele no Instagram. Nunca pedi uma foto com o Neymar. Não gosto de tirar foto nem com minha mulher. O único cara na minha vida para quem pedi um autógrafo e uma foto, sem brincadeira, foi o Silvio Santos, na casa dele. Fiquei com a mão suada, porque estava com meu ídolo de uma vida inteira. Foi a primeira e última vez que pedi foto para alguém. É uma vaidade que não tenho", conta.

Arrependimento na Record

Vildomar retorna à TV dois anos após sair de maneira conturbada da Record. Em 2015, perdeu Gugu para o departamento de jornalismo. Segundo o jornalista Ricardo Feltrin, do UOL, o diretor chegou a processar a antiga casa. Pediu R$ 19 milhões de indenização por trabalhar com funções sobrepostas e não receber direitos, como horas extras, mas perdeu em primeira instância. Ele não comenta assuntos jurídicos.

"Não consegui fazer aquilo que tinha desenhado ao longo de um ano. Só implantei o projeto. Tinha novas ideias, mas a emissora entendeu que tinha que ser trocado e a gente tem que seguir a vida. Fiquei à disposição até o fim do meu contrato, quando a emissora me liberou para ir embora", afirma Vildomar, que não se vê mais dentro da televisão.

"Peguei um tempo para viajar, estudar, me reciclar. Tive quatro oportunidades de voltar para a televisão, mas avaliei os projetos e entendi que não eram tão sedutores. Minha vida caminha muito mais para produzir conteúdo para TV do que chefiando departamento ou programa específico. Quero ter liberdade de oferecer para qualquer canal aberto, a cabo ou sob demanda. Não me vejo mais dentro de uma emissora", sentencia.

Vildomar Batista apareceu pela primeira vez na TV no "Hoje em Dia", em 2009 - Reprodução/Record - Reprodução/Record
Vildomar Batista apareceu pela primeira vez na TV no "Hoje em Dia", em 2009
Imagem: Reprodução/Record
Outro momento marcante de Vildomar na Record foi quando ele incorporou um personagem "misterioso" no "Hoje em Dia", que falava com os apresentadores sem mostrar o rosto, revelado em um dos programas de maior audiência em 2009. Oito anos depois, o diretor se arrepende de ter exagerado em suas aparições na TV.

"Era uma brincadeira. Quando se tornou uma coisa séria, eu confesso que me assustou. Aí descobri realmente o poder que tem a televisão. As pessoas estavam mais preocupadas em saber quem era aquela voz. Desvirtuei meu trabalho como produtor e executivo. Quando tentei me afastar, piorou, a curiosidade das pessoas aumentou. Se eu tivesse que voltar atrás, hoje eu não faria. Não foi uma estratégia boa ter feito aquilo. Poderia ter evitado, mas infelizmente não tive essa percepção na época. Hoje, não vejo com bons olhos", avalia.