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"A morte apareceu na minha frente", diz Ana Furtado sobre descobrir câncer

Ana Furtado em entrevista ao programa "Diálogos" - Reprodução/GloboNews
Ana Furtado em entrevista ao programa "Diálogos" Imagem: Reprodução/GloboNews

Guilherme Machado

Do UOL, em São Paulo

12/10/2018 14h43

Ana Furtado abriu seu coração sobre seu diagnóstico de câncer – no início desse ano, a apresentadora foi diagnosticada com câncer de mama. Em entrevista ao programa “Diálogos”, de Mário Sérgio Conti, na GloboNews, ela disse que, apesar do choque, manteve a calma ao receber a notícia.

“É até entranho falar, [recebi] surpreendentemente bem. Obviamente ninguém gosta de receber a notícia: ‘Olha, você tem câncer’. O mundo acaba. Eu descobri lendo o laudo. Eu não tinha muita ideia do que era um carcinoma. Eu falei: ‘Se é um câncer, eu vou vencer esse câncer’. Não [desabei], me mantive muito firme, muito segura desde o começo que eu sairia vitoriosa também desse desafio”, relatou.

“A morte apareceu na minha frente. É natural que isso aconteça. Esse tipo de doença quando aparece para você... A ficha que caiu foi da morte. Eu não chorei, não me desesperei, mas tive uma sensação de morte naquele momento e de renascimento ao mesmo tempo, como outra pessoa completamente diferente”, complementou ela.

Ana contou que percebeu que estava com um caroço na mama esquerda após um autoexame. No ano passado, ela chegou a ir ao médico, que até o momento não constatou nada fora do normal. Alguns meses depois, ela continuou sentindo o mesmo caroço.

“Eu percebia que alguma coisa estava errada, a minha intuição, a minha vida inteira, nunca me falou.”

Ela refez os exames e pediu para realizar uma biopsia, que constatou um carcinoma não invasivo.

A apresentadora relata que ao descobrir a doença, a primeira pessoa em que pensou foi sua filha, Isabella Oliveira, 11, fruto de seu relacionamento com José Bonifácio Oliveira, o Boni, e que procurou ao máximo poupar sua família da notícia.

“Quando eu descobri o diagnóstico eu não falei nada. Foi na antevéspera da Páscoa, toda a família reunida. Estava guardando, não falei para ninguém. Eles iriam me fazer inúmeras perguntas que eu não saberia responder. Até então eu não sabia que tipo de câncer era, como iria tratar, qual a gravidade dele. Segurei minha onda e fui para São Paulo.”

Ela também enfatizou que procurou receber a doença como um aprendizado. “O câncer não é morte, o câncer é vida. Ele te dá a oportunidade de se reconciliar consigo mesmo, com as pessoas que você precisa, se reconectar, se redescobrir. Aproveitar a vida enquanto ela existe”, afirmou.

A apresentadora ainda se emocionou com as reações que recebeu ao contar sua história em suas redes sociais.

“Eu não sabia como seria a reação das pessoas e veio uma onda de carinho muito grande para mim. As pessoas queriam saber como eu estava. Naquele momento eu entendi que de alguma forma essa doença me escolheu não só para que eu vivesse e vencesse ela, mas para que eu também ajudasse as pessoas. Que elas pudessem se inspirar e dividir comigo suas experiências. Entendi que esse meu propósito. Eu seria um portal onde as pessoas pudessem falar livremente sobre a doença", disse.