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Regina Duarte sobre apoio a Jair Bolsonaro: "Sou chamada de fascista"

Regina Duarte participa do "Conversa com Bial" - Reprodução/TV Globo
Regina Duarte participa do "Conversa com Bial" Imagem: Reprodução/TV Globo

Gilvan Marques

Do UOL, em São Paulo

29/05/2019 22h52

Regina Duarte falou abertamente sobre seu apoio a Jair Bolsonaro nas eleições de 2018 e posicionamentos políticos em pleitos anteriores, durante entrevista concedida ao "Conversa com Bial", da TV Globo, hoje à noite.

O ativismo da atriz veterana de 72 anos e com mais de 40 trabalhos entre novelas e séries atraiu a simpatia de alguns, mas também provocou a fúria de outros --dentre eles, colegas de emissora, como José de Abreu e Tássia Camargo.

"Em 2002 fui chamada de terrorista e hoje sou chamada de fascista, olha que intolerância? E eu achando que vivia em uma democracia, onde eu tenho o direito de pensar de acordo com o que eu quero. Eu respeito todo mundo que pensa diferente de mim. Não saio xingando as pessoas por aí", desabafou ela.

Questionada sobre o feminismo, Regina Duarte não pensou duas vezes. "Eu nunca me declarei uma feminista, mesmo fazendo a Malu [da série 'Malu Mulher']. Eu não acho que as coisas são por aí, acredito que há caminhos intermediários. (...) Embora tenha tido atitudes de vanguarda, eu fui e continuo conservadora. Eu só tenho medo de ficar velhinha e dizer: 'Ah, esse mundo está perdido'. Não, que horror! Que horror!"

Cada vez mais ativa nas redes sociais, a global já defendeu a extinção do STF (Supremo Tribunal Federal), aderiu à campanha pelo voto aberto em eleição para presidente do Senado e garantiu que a homofobia de Bolsonaro é "da boca para fora".

Em 2002, Regina participou da campanha do então candidato à presidência José Serra (PSDB). No vídeo, pelo qual ficou marcada, a atriz afirmava ter medo de que o "outro candidato" --no caso, Lula-- vencesse as eleições. Lula acabou eleito. Em 2018, Regina não participou da campanha na TV, mas declarou apoio público a Bolsonaro.

Filha defende mãe

Em entrevista ao UOL, Gabriela Duarte saiu em defesa da mãe. "A minha mãe sempre defendeu [a democracia] e existe uma coerência crítica em tudo que ela faz. Politicamente, ela é coerente", afirmou.

"Ela não é uma pessoa que, do nada, começou a se expressar, a se colocar e a falar o que pensa. É porque eu acho que a gente vive um momento de Fla-Flu mesmo, nível de torcida, uma coisa feia. Então, eu acho que todo tipo de 'patrulha', de ataque é ruim", protestou Gabriela.

"Temos que agradecer todos os dias pelo fato de vivermos em uma democracia. Mas é óbvio que a democracia implica em muitas coisas, inclusive no direito das pessoas de se expressar, da forma como elas querem e naquilo que elas acreditam", completou.

"Malu Mulher"

Ainda durante participação no "Conversa com Bial", Regina Duarte também falou sobre a sua personagem, Maria Lúcia Fonseca, em "Malu Mulher", série exibida pela Globo entre 1979 e 1980. A personagem batalhava por sua independência financeira.

"Os desquites tinham triplicado em 1977. Isso chamou a atenção de Boni e Daniel [Filho]: existia uma nova mulher na sociedade e era necessário falar dela."

A atriz relembrou reações machistas que sofreu na época por causa da personagem. "Diziam que eu estava subvertendo a família brasileira".

Lei Rouanet

Regina levou ao programa uma "colinha" para explicar o que pensa sobre a Lei Rouanet. "Eu gosto muito dessa pergunta..."

A atriz defende a transparência no uso do dinheiro público, diz ser a favor de que o Estado não patrocine a Cultura nos moldes atuais e pede que o governo "cuide" do surgimento de novos talentos --mas não expõe como isso poderia ser feito.

"Tem uma história de que os artistas mamam nas tetas do governo. Será que é pedir muito rigor na prestação de contas?", questionou.