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Jovem Pan cita "adjetivação grosseira" e Villa rebate: "Defendo democracia"

Marco Antonio Villa foi afastado da Jovem  Pan - Reprodução/Jovem Pan
Marco Antonio Villa foi afastado da Jovem Pan Imagem: Reprodução/Jovem Pan

Gilvan Marques

Do UOL, em São Paulo

30/05/2019 14h12

A rádio Jovem Pan se pronunciou, por meio de um comunicado publicado na manhã de hoje, sobre a retirada do ar do historiador e comentarista político Marco Antonio Villa, afastado pela direção por 30 dias. Ele foi comunicado da decisão na última sexta (24), depois de sua participação no "Jornal da Manhã".

Sem citar o historiador, a nota nega a influência do presidente Jair Bolsonaro na decisão e diz que há limites entre "a crítica substantiva e a adjetivação grosseira" dos comentários (Veja a íntegra do comunicado abaixo).

"O Grupo Jovem Pan entende que [...] respeito ao público impõe aos seus comentaristas limites que separam a crítica substantiva da adjetivação grosseira. Quando tal barreira é ultrapassada, cabe à direção da empresa aplicar medidas que garantam a volta à normalidade", diz a nota.

Às vésperas da manifestação pró-governo, ocorrida no último domingo, Marco Antonio Villa disse no "Jornal da Manhã" que "atos neonazistas [aconteceriam] no dia 26". Nos bastidores, a declaração foi citada como estopim para a decisão da direção da emissora.

Inicialmente, a Jovem Pan informou que Villa havia tirado férias, o que logo foi contestado pelo professor. "De férias eu não estou. Nunca tirei férias, não seria agora com essa situação do país que tiraria."

Ao UOL, Marco Antonio Villa não quis falar sobre o comunicado divulgado hoje sob orientação de seu advogado, mas esclareceu a declaração.

"Sou defensor da democracia e contra a ditadura, contra as pessoas que querem fechar o STF, invadir o Congresso Nacional, e aí incluem os nazistas, neonazistas. Eu não acho que isso foi uma deselegância, adjetivação, isso é conceituar, e assim sempre fui durante os anos em que estive na rádio", disse.

"Quando alguém defende o fechamento do Supremo e a invasão do Congresso, isso é o neonazismo, sim. Eu não defendo essas pautas, e essas pautas estavam sendo colocadas [na manifestação], sim. Isso é uma concepção autoritária e totalitária porque nega a existência de oposição e Constituição. Estou do lado do polo democrático, portanto não há nada grosseiro", prossegue.

"É claro que os extremistas não gostam de mim porque sou um defensor da democracia, e sempre apontei no Olavo de Carvalho a raiz autoritária, chamando-o de Jim Jones [líder religioso que assassinou mais de 900 pessoas]. E ele me xingou violentamente, colocando até a minha mãe. É um sujeito de nível rasteiro", conclui.

Questionado se vai processar a rádio, Villa diz. "Eu ainda não sei. Tenho contrato com eles até o dia 24 de junho".