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Dono de restaurante na Globo e garçom na Record, ator brinca: "Rebaixado"

Paulo César Grande como Wilson em "Por Amor" (1997) e como Zeca em "Topíssima" (2019) - Reprodução/Globo/Reprodução/Record/Montagem UOL
Paulo César Grande como Wilson em "Por Amor" (1997) e como Zeca em "Topíssima" (2019) Imagem: Reprodução/Globo/Reprodução/Record/Montagem UOL

Guilherme Machado

Do UOL, em São Paulo

05/06/2019 04h00

Paulo César Grande é um daqueles raros casos de quem está no ar em duas emissoras ao mesmo tempo, em novelas de diferentes épocas. Enquanto está no elenco de "Topíssima", nova produção da Record TV, como Zeca, aparece na reprise de "Por Amor", na Globo, como Wilson. E uma coincidência une os dois papéis do ator: ambos trabalham em um restaurante.

Mas enquanto Wilson era dono de um restaurante, Zeca trabalha como garçom. "Na 'Vidas em Jogo' (2011, Record) eu também era dono do restaurante. Só que nas outras eu era dono, nessa eu sou garçom, fui rebaixado", diverte-se o ator. "Houve um rebaixamento. Devido à crise eu tive que vender e estou de garçom agora. Quem sabe na próxima eu não viro um empresário, dono de uma rede?".

Rebaixamentos à parte, o veterano das novelas diz que fica feliz em poder rever trabalhos como "Por Amor", clássico de Manoel Carlos que ele diz gostar mais agora do que na época em que fez, há mais de 20 anos.

"Tenho, sei lá, mais de 30 novelas, e sempre que reprisa é bom ver. A gente nem viu direito na época, então é prazeroso. [Dá para] Ver os amigos que já partiram, os que continuam, fico satisfeito. É bom saber que existe um passado", diz.

Os dois personagens no ar atualmente não poderiam ser mais diversos: enquanto o Zeca de "Topíssima" é amoroso e cauteloso, o Wilson de "Por Amor" era agressivo e preconceituoso.

"O nosso desafio é esse. Quanto mais diferente, quanto mais longe da nossa realidade, mais interessante de se fazer. É muito enriquecedor para o ator ter essas nuances todas, cada um com uma personalidade", observa.

Em breve, o personagem atual sofrerá com um grande drama. Em "Topíssima", Zeca é casado com Madalena (Denise Del Vecchio), e juntos eles têm dois filhos: Fernando (Guilherme Seta) e Jandira (Brenda Sabryna). Jandira é uma jovem ambiciosa que acabará sendo enganada, engravidará e morrerá após um aborto clandestino.

Zeca (Paulo Cesar Grande) - Blad Meneghel / Record TV - Blad Meneghel / Record TV
A família de Zeca passará por momentos difíceis em "Topíssima"
Imagem: Blad Meneghel / Record TV
A tragédia será um duro golpe na família, especialmente para os pais, que entram em embate sobre a criação da filha: Madalena é mais conservadora e linha dura, enquanto o pai é mais carinhoso e permissivo.

"Está tendo uma química muito legal, tivemos cenas muito fortes. A gente chora muito, acho que é o lado mais dramático da novela. Existe muito o conflito da repressão da mãe com a filha, eu sou o cara que passa a mão na cabeça. Tem um lado muito legal de alertar as pessoas para não fazer bobagem. A gente sai exaurido de emoção", elogia Paulo César.

"Topíssima" é a terceira parceria do ator com a autora Cristianne Fridamann -- além de "Vidas em Jogo", ele trabalhou também em "Vitória" (2014). Nas três tramas, ele fez papéis de "paizões", um tipo que considera próximo de sua vida.

"Acho que ela [Cristianne] deve me ver como um bom pai e eu acredito que sou um. Acho legal essa figura paterna, amigo, colega e pai acima de qualquer coisa: na hora que tem que dar dura, dou, e na hora de conversar, converso", diz o pai de dois filhos, os gêmeos Pedro e Carolina, de sua relação com a atriz Claudia Mauro.

Galã dos anos 80

Paulo César grande quando jovem - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Paulo César grande quando jovem
Imagem: Reprodução/Instagram
Com uma sequência de novelas quase ininterrupta desde que estreou, em 1982, Paulo César Grande foi um dos grandes galãs da TV dos anos 80.

Paulo conta que reconhecia o rótulo, mas que nunca se deixou levar por ele, tentando transcender a imagem de "só um rostinho bonito".

"Eu era um cara bonito, mas fui trabalhando, tanto que estou quase 40 anos na profissão. Não adianta ficar encostadinho, bonitinho, e não estudar, não fazer teatro, não fazer cinema, ler", afirma.

"É uma profissão que se você não tomar cuidado você faz sucesso e ele some. O sucesso é fácil de fazer, o difícil é a manter. Quantas pessoas já não passaram pela minha vida e você nunca mais ouviu falar? Você precisa o tempo todo se reinventar".