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Rita Cadillac anuncia biografia: "Minha vida é uma bomba atômica"

Rita Cadillac vai lançar biografia - Iwi Onodera/UOL
Rita Cadillac vai lançar biografia Imagem: Iwi Onodera/UOL

Carlos Minuano

Colaboração para o UOL, em Vitória*

09/10/2019 04h00

A esperada autobiografia de Rita Cadillac está pronta. Com o sugestivo título "Frente e Verso", será lançada em 13 de junho de 2020, mesmo dia em que a ex-chacrete completará 66 anos de muito rebolado. "Minha vida é uma bomba atômica", avisa ela, que antecipou ao UOL um pouco do que conta no livro.

Conhecida também por seus shows em locais inusitadas, Cadillac revela que, no livro, repassa algumas das tantas aventuras de sua vida e carreira. Como a primeira apresentação no garimpo de Serra Pelada, no Pará, para onde foi em 1984, depois de sair do programa de Chacrinha.

O susto começou logo no início da viagem, quando a ex-chacrete escapou da morte por muito pouco. Antes de chegar ao garimpo, o pequeno teco-teco que a levava teve problemas e caiu no meio da selva. Ela sobreviveu, como se sabe, mas, para chegar ao vilarejo onde se apresentaria depois, teve que completar o percurso de carona na traseira de um carro que levava porcos.

Os shows, como ela previa, foram uma loucura. No começo, Rita pensou até que não estava agradando, porque começaram a arremessar pedras em sua direção, mas logo percebeu que eram pepitas de ouro.

Apesar da bagunça generalizada, a ex-chacrete se surpreendeu com a reação dos garimpeiros. "Ficavam babando, extasiados, mas era uma babação respeitosa", conta. Depois da recepção calorosa retornou a Serra Pelada mais três vezes e circulou por todos os outros garimpos da região. "Perdi a conta de quantos shows eu fiz por lá."

Imagens dessa primeira turnê em Serra Pelada foram gravadas por uma equipe da TV inglesa BBC, que filmava o local conhecido como o maior garimpo ao ar livre do mundo. As imagens foram compradas pela produção do documentário "Rita Cadillac, a Lady do Povo", disponível na Netflix.

Outra novidade na agenda da ex-chacrete é exatamente a sua volta aos garimpos ainda neste ano. "Estamos acertando detalhes, porque é uma viagem complicada, que exige uma série de cuidados de segurança. São locais com problemas e que continuam até hoje sem infraestrutura."

A biografia "Frente e Verso" também deve trazer lembranças dos bastidores do programa do Chacrinha onde brilhou por dez anos como chacrete. Foi onde consolidou sua personagem e o apelido Cadillac, inspirado, claro, em seu bumbum avantajado, lembrando a parte traseira do carro mais desejado dos anos de 1970.

Popular nos presídios

A dançarina e cantora Rita Cadillac é assediada em festa de fim de ano dos detentos e seus familiares, na Casa de Detenção de São Paulo - Juca Varella - 15.dez.1999/Folhapress - Juca Varella - 15.dez.1999/Folhapress
A dançarina e cantora Rita Cadillac é assediada em festa de fim de ano dos detentos e seus familiares, na Casa de Detenção de São Paulo
Imagem: Juca Varella - 15.dez.1999/Folhapress

O período em que desfilou por presídios também deve render boas histórias. Por sua indiscutível popularidade, não apenas como chacrete, mas pelas participações em filmes, em especial alguns pornôs, Cadillac foi convidada para ser madrinha da extinta Casa de Detenção de São Paulo, o Carandiru. E topou, lógico.

As dificuldade do início da carreira, o sonho de ser bailarina clássica, a frustração no casamento, o primeiro filho, os filmes pornôs, a prostituição, os shows com a travesti Rogéria por vários países, além de muitos affairs e alguns desafetos devem ajudar a compor o caldo explosivo da autobiografia de Rita Cadillac.

Segundo ela, já tem produtores de olho na história, querendo transformar seu livro em filme. "Já me perguntaram quem eu indicaria para viver meu papel no cinema, sugeri Juliana Paes ou Deborah Secco".

Rita "del Fuego"

Em 2018, Cadillac estreou no teatro interpretando a capixaba contracultural Luz del Fuego, nome artístico da dançarina Dora Vivacqua, que se tornou ícone da luta pela liberdade sexual feminina e que foi assassinada em 1967, no auge da ditadura militar. Em 2020, ela volta a interpretar a personagem, desta vez no Carnaval.

A ex-chacrete acaba de voltar do Espírito Santo, onde participou do Festival de Cinema de Vitória, e tratou com familiares de Luz del Fuego detalhes para o desfile no próximo ano em uma escola de samba da capital capixaba.

Ela afirma não gostar de Carnaval, mas, por ironia, diz que anda com a agenda cada vez mais cheia no período da folia. "Gosto de brincar nos blocos de rua, onde vou de tênis e shortinho. Mas, na avenida, tenho que ficar preocupada com vários detalhes, roupas, música, evolução."

Em São Paulo, Rita é presença confirmada no Bloco da Diversidade e no desfile da banda Redonda, que abre a folia paulistana e pela qual ela será homenageada.

*O repórter viajou a convite do Festival de Cinema de Vitória