Topo

Casseta & Planeta: censura começou após Globo ser chamada de "golpista"

Casseta & Planeta participam do Pânico na Rádio - Reprodução
Casseta & Planeta participam do Pânico na Rádio Imagem: Reprodução

Colaboração para o UOL

15/10/2019 15h56

Os integrantes do Casseta & Planeta foram os convidados de hoje no programa Pânico, da rádio Jovem Pan.

A trupe, composta por Beto Silva, Helio de la Penha, Hubert Aranha e Cláudio Manoel (Marcelo Madureira não compareceu) relembrou o auge do programa na TV Globo, censura e, é claro, abordou as polêmicas envolvendo o humor nos dias atuais — com a ironia e irreverência habitual.

"A paródia de Chocolate com Pimenta nós já alteramos. Hoje é Afrochocolate com Pimenta ou Cacau Descendente...", ironizou Hélio de la Penha antes de afirmar compreender a questão envolvendo o chamado "lugar de fala".

"É difícil eu chegar aqui, desse jeito [magro], e falar que tal pessoa é gorda. Fica estranho". A declaração de Hélio foi imediatemente interrompida, aos risos, por Cláudio Manoel: "Mas piada com gordo e loira ainda pode!"

Cláudio Manoel, responsável pelo personagem clássico Massaranduba, respondeu também sobre uma suposta censura da Globo na época do PT.

"Qualquer lugar que você trabalha tem uma relação de princípios. As pessoas de fora perguntavam para gente como a Globo deixava aquilo, e as pessoas de dentro da Globo também. Na época do PT [do governo Lula], o que rolava, mesmo sem um contato direto com os caras, era gente falando, em Brasília, do que acontecia nos países vizinhos. 'Olha lá o que fizeram na Argentina, desmembraram o Clarín [jornal argentino]'. Falavam em Venezuela, bolivarianismo e tal... A gente respondia dizendo que eram todos bundões, que ninguém ia fechar a Globo. A gente recebia muito recado."

No entanto Cláudio Manoel destacou que durante os desdobramentos das investigações contra o PT, houve sim um pedido da emissora para que as alusões à política parassem.

"Travaram a questão da política na ideia de que o jornalismo tinha que correr solto. Já o entretenimento ao entrar nessa pauta... [...] Na verdade quando mudou foi por conta do Lula, que inicialmente disse não saber de nada sobre.o escândalo [do Mensalão]. Depois a narrativa mudou. Aí virou 'mídia golpista'. Aí depois disso, para se defender, a Globo travou a gente."

Ainda abordando o mesmo tema, Beto Silva acrescentou que "limitadas de fato" eram as paródias envolvendo propagandas.

"Limitado mesmo era quando envolvia marcas. Só agora que a Globo voltou. E também existiam as brincadeiras envolvendo marcas de outras emissoras. E foi meio por conta disso que a gente inventou as Organizações Tabajara!"

O quarteto também falou sobre um eventual limite para a humor. "O limite da brincadeira quem coloca é o próprio humorista. É o limite dele. Na TV aberta até pode ter mais controle, mas em shows menores... [...] A liberdade de expressão é inversamente proporcional à quantidade de público que você tem. Exposição. O que f**** foi o celular. E isso porque tira-se o contexto. Quem fica chateado é quem não estava onde a piada foi feita. Ou seja: um público ao qual a piada não foi destinada", salientou Cláudio Manoel.