Topo

Baixa audiência e críticas: 2019 foi um dos piores anos para novelas

Bruno Gagliasso e Marina Ruy Barbosa em cena de "O Sétimo Guardião" - Divulgação/Globo
Bruno Gagliasso e Marina Ruy Barbosa em cena de "O Sétimo Guardião" Imagem: Divulgação/Globo

Guilherme Machado

Do UOL, em São Paulo

29/12/2019 04h00

2019 está quase no fim e deixa um saldo pouco positivo para as novelas brasileiras. As principais tramas exibidas, neste ano, penaram ou com audiências abaixo do esperado, ou críticas vindas de todos os lados, ou, na pior situação, com ambas.

O ano começou já com polêmica em pleno horário nobre global, com uma das novelas das 21h mais problemáticas dos últimos tempos. O Sétimo Guardião, de Aguinaldo Silva, além de derrubar a audiência da faixa, ainda sofreu com críticas ácidas em relação ao seu elenco e sua história, considerada pouco atraente e por vezes confusa.

Para piorar, os bastidores da trama também sofreram com dramas internos, com o término do casamento de José Loreto. O protagonista Bruno Gagliasso deixou a novela durante um período para uma cirurgia e ainda curtiu comentários críticos à novela nas redes sociais. No final, o consenso é que foi um folhetim para se esquecer.

Maria da Paz - Divulgação/Globo - Divulgação/Globo
Juliana Paz viveu Maria da Paz, a protagonista de A Dona do Pedaço
Imagem: Divulgação/Globo

A novela que a seguiu teve mais êxito. A Dona do Pedaço alcançou altos índices de audiência e retomou o fôlego do horário das 21h. Mas isso não significa que tudo foram flores: a crítica especializada massacrou a novela do começo ao fim, a tachando de uma das piores dos últimos tempos, por conta de seu texto, de sua direção, por vezes preguiçosa, e de situações fora da realidade que a novela promoveu. Foi um emaranhado de controvérsias, que teve repercussão, mas deixou um gosto ruim na boca, como um bolo embolorado.

Amor de Mãe, da autora estreante no horário Manuela Dias, vai na contramão: apesar de muito elogiada, vem sofrido para encontrar seu público, resultando em índices abaixo do esperado.

Nas outras faixas da Globo, a situação não foi muito melhor. Às 19h, o ano começou com os últimos capítulos de O Tempo Não Para, uma novela que começou promissora, mas cansou o público ao ficar sem história e foi considerada uma decepção. Em seguida, veio Verão 90, que teve mais sucesso e conseguiu cativar a audiência. Mas, no mesmo padrão, a novela foi muito criticada por conta de sua trama e por algumas atuações, como a de Jesuíta Barbosa, considerada fora do tom. A trama foi chamada de boba.

Fora isso, foram apontados vários erros na reconstrução de época, com erro até na própria trajetória da Globo: em uma cena, Lidiane (Claudia Raia) falou que Fera Ferida, uma novela global, era de Gloria Perez, sendo que o folhetim é de autoria de Aguinaldo Silva. Ficou estranho.

Às 18h, após o término de Espelho da Vida, que começou com baixa audiência, mas teve uma virada na reta final, os outros trabalhos oscilaram. Órfãos da Terra, de Thelma Guedes e Duca Rachid, foi muito elogiada por sua temática e seus primeiros capítulos cativantes. Entretanto, apesar de ter mantido bons resultados ao longo de sua exibição, a novela começou a apresentar problemas a partir de sua metade. A trama da vingança de Dalila (Alice Wegmann) passou a girar em círculos, e a vilã assumiu ares de desenho animado. No final, a novela perdeu seu prumo, a história se esvaziou.

Já na sequência, veio Éramos Seis, apostando na nostalgia de uma novela já conhecida do público. Mas a novela protagonizada por Gloria Pires ainda não vingou, e apesar do esmero de sua produção, não vem conseguindo provocar uma comoção similar a de outras versões, se tornando só mais uma novela das 18h.

Sophia Valverde, a protagonista de As Aventuras de Poliana - Zé Paulo Cardeal/SBT - Zé Paulo Cardeal/SBT
Sophia Valverde, a protagonista de As Aventuras de Poliana
Imagem: Zé Paulo Cardeal/SBT
Já no SBT, As Aventuras de Poliana, que já parece estar sendo exibida há cinco décadas, perdeu seu estofo original e vem perdendo audiência. Para piorar, a novela já sofreu uma série de baixas no elenco, como da atriz Larissa Manoela, que deixou a emissora.

Na Record, a chamada macrossérie - com todos os ingredientes de uma novela - Jezabel, também penou com baixa audiência, apesar do histórico de sucesso da emissora com tramas bíblicas.

Se há algum consolo, foram as novelas Bom Sucesso e Topíssima. A primeira, muito elogiada por seu texto sensível e trama delicada, que equilibra humor e drama e que vem se tornando um das mais assistidas no horário da Globo nos últimos anos. Já a segunda, apesar de deslizes, conseguiu se firmar na Record como um trabalho de destaque, conquistando boa audiência e com uma trama redonda, que valeu por retomar temáticas contemporâneas no canal.

Mas, em geral, em 2019, as novelas mais sofreram com problemas, sejam de crítica ou de público. Talvez 2020 seja melhor.

Grazi Massafera e João Bravo em cena de Bom Sucesso - Globo/Victor Pollak - Globo/Victor Pollak
Grazi Massafera e João Bravo em cena de Bom Sucesso
Imagem: Globo/Victor Pollak