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Fernanda Concon: 'Ouvi que era nova demais para saber de política'

Fernanda Concon - Instagram/Reprodução
Fernanda Concon Imagem: Instagram/Reprodução

Daniel Palomares

Do UOL, em São Paulo

20/05/2020 04h00

Fernanda Concon faz tudo que se espera de uma jovem com a sua idade. Aos 17 anos, ela adora compartilhar com seus quase 3 milhões de seguidores no Instagram seu dia a dia, suas viagens, suas maquiagens e looks. Mas a atriz também espera passar alguns recados mais urgentes, especialmente nos tempos complicados em que estamos vivendo.

Na última semana, Concon viralizou no Twitter após dar uma "aula" de bom senso ao atual Ministro da Educação, Abraham Weintraub. Ela defendeu o adiamento do Enem em 2020, visando as dificuldades que muitos inscritos terão para estudar diante da pandemia, e foi apoiada por nomes como Felipe Neto e a amiga Maisa Silva.

"Não foi novidade me posicionar, quem me segue sabe do que eu defendo. Mas do nada todo mundo resolveu ver e falar do meu vídeo, muitas pessoas famosas vieram falar comigo, fiquei feliz com a repercussão", comemora Fernanda, em papo com o UOL.

"Tive que ouvir que eu era nova demais para saber de política. Mas acredito muito na causa que falei. Outros deveriam se posicionar também. É um interesse nacional".

Entrada na faculdade

Filha de professor, Fernanda defende que sempre foi engajada com causas sociais e isso foi o que suscitou sua entrada na faculdade de Relações Internacionais neste ano. Mas ela já era rostinho conhecido de boa parte do público ao viver a Alícia da novela "Carrossel". O desejo agora é poder conciliar as duas carreiras.

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"Não podemos simplesmente aceitar a realidade que vivemos. Nunca deixei a escola de lado. Nunca deixei faltar nada para trabalhar. Tínhamos que entregar nossos boletins para o juizado para provar que não estava atrapalhando", relembra. "Eu sou atriz formada, tenho registro e tudo mais. Nada me impede de continuar a ser atriz", defende Fernanda, citando exemplos como Natalie Portman e Shirley Temple que eram atrizes e também se formaram na universidade.

Com o avanço da pandemia, as aulas estão sendo realizadas à distância, mas Fernanda teve tempo de se aproximar dos colegas que já a conheciam antes.

A faculdade e a escola foram os únicos lugares que eu pude ser uma pessoa normal. Isso é importante para nós famosos. Me reconhecem na faculdade, mas ninguém me cutuca. Todos somos iguais, mas não sou nada mais nada menos que está ali comigo

Dar voz a quem mais precisa

Tendo iniciado a carreira em comerciais aos 5 anos de idade, Fernanda teve que conviver com a fama desde muito cedo e lidar com o ônus da exposição.

Nós somos expostos a uma pressão bizarra. Pressão estética, hiperssexualização de crianças... Recebemos opiniões muito maldosas. Acredito que eu sou um caso à parte. Tive uma estrutura muito boa e uma cabeça forte. Sou a exceção. Vimos muitos casos de pessoas que tinham futuros brilhantes mas desmoronaram porque é complicado estar na mídia

Fernanda Concon como a Alicia de 'Carrossel' - Montagem/Reprodução/SBT/Instagram - Montagem/Reprodução/SBT/Instagram
Fernanda Concon como a Alicia de 'Carrossel'
Imagem: Montagem/Reprodução/SBT/Instagram

Hoje, com sua plataforma de milhões de seguidores nas redes sociais, a atriz quer ser um exemplo e dar voz para as pessoas que cresceram junto com ela.

Eles sempre se espelharam na gente, cresceram acompanhando tudo que usamos, falamos, as viagens que fazemos. Acredito na influência responsável. Eu tive oportunidade, graças ao meu trabalho, de ter uma realidade muito diferente da maioria das pessoas. Mas é importante dar voz a quem sempre nos apoiou. Mostrar que estou do lado deles

Fernanda também não se incomoda com as críticas que recebe, especialmente depois de seu vídeo, falando sobre o governo, ter se espalhado. "Entre fazer e não fazer, sempre vai rolar uma crítica. Sempre vai ter alguém para falar algo negativo. Ninguém concorda com tudo. Nossa sociedade é muito plural. Sempre vai ter alguém para discordar".

"Quando a gente entra nesse papel de influenciador, temos que estar preparados para críticas, saber ouvir. Infelizmente, tive que escutar vários comentários pouco embasados. Mas a maioria entende o que está rolando e se sente afetada. Sentiram identificação", conclui.