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Reprise de Apocalipse prova: Record não poderia ter escolhido novela pior

Sergio Marone é o Anticristo em "Apocalipse" -
Sergio Marone é o Anticristo em 'Apocalipse'

Guilherme Machado

Do UOL, em São Paulo

21/05/2020 04h00

A Record está reprisando "Apocalipse"!

Que foi? Não sabia? Sem problemas, não é muita gente que sabe. Da primeira vez que foi exibida, a novela de Vivian de Oliveira não foi exatamente um estouro de audiência — a não ser que você queira falar de como ela implodiu os índices da emissora. E agora, em sua reprise, a situação também não é favorável, com a trama rendendo números baixos mais uma vez.

Mas assim, basta uma olhada rápida, e já da para ter uma noção de por que "Apocalipse" não está dando muito certo...

Vamos desde o começo: esse é um momento tenso em que a pandemia do novo coronavírus está deixando as pessoas ansiosas, incertas sobre o futuro. É uma época que pede coisas leves, tranquilas. O que a Record faz? Exibe uma novela...sobre o fim do mundo!

Na chamada para a reprise, a emissora dizia que queria "tomar todos cuidados e precauções necessários no momento". Dois minutos depois, o anúncio fala que o telespectador poderia rever em "Apocalipse", entre outras cenas, "a ascensão do Anticristo", "o ataque a Nova York", "O bombardeio em Roma" (!!!!). Credo! Como bem disse o colunista do UOL Mauricio Stycer no podcast UOL Vê TV, uma decisão, no mínimo, equivocada.

Ajudaria se a novela fosse boa, mas, né? Ok, ok, para dar algum crédito, os efeitos especiais são até bem feitos. Não é nenhuma produção James Cameron, uhu, Nova Iguaçu, Oscar 2021, mas, assim, ainda é melhor do que certas produções da Record...

O problema é: todo o resto. A história, o principal de uma novela, é bem confusa. Começa com um tsunami, aí mostra outros desastres naturais, aí tem uns assassinatos que ninguém sabe direito para que servem na história. Do nada, a gente descobre que o Sérgio Marone é o filho do capiroto — sim, isto é um fato.

Só piora o fato de que os diálogos são forçados e superficiais, e mesmo bons atores não conseguem dar conta do recado -- fica difícil acreditar na Juliana Knust dizendo que vai provar que o Marone é "O Anticristo". Fora que a novela tem tantos personagens e tantos acontecimentos truncados, que é uma saga saber quem está contribuindo para a história e quem já foi ou não arrebatado.

Talvez a parte mais triste: mesmo com suas tosquices, "Apocalipse" não consegue sequer fazer rir, e os problemas ficam ainda mais aparentes na reprise. A novela não diverte, não engaja e não faz nem pensar. Na verdade, faz pensar uma coisa só: o que eles estavam pensando? Bom, quem sabe na próxima reprise...

PS: Tem robôs na novela também, tá? Por quê? Ninguém sabe.