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Dá para se divertir com 'Fina Estampa', mas a verdade é que a trama é tosca

Lilia Cabral e Caio Castro são Griselda e Antenor em "Fina Estampa" - Globo/Alex Carvalho
Lilia Cabral e Caio Castro são Griselda e Antenor em 'Fina Estampa' Imagem: Globo/Alex Carvalho

Guilherme Machado

Do UOL, em São Paulo

28/05/2020 04h00

"Fina Estampa" vem comprovando nessa reprise que é um sucesso de audiência!

Sim, a novela de Aguinaldo Silva bombou na sua primeira exibição e está bombando agora de novo. Isso quer dizer que ela é uma boa novela? Olhaaaaaa, assim, aí a gente precisa conversar melhor.

A máxima "audiência não é sinônimo de qualidade" pode ser repetida à exaustão neste caso, mas é melhor mostrar alguns pontos.

Para começar: qual é a história da novela? Griselda (Lilia Cabral) é uma mulher batalhadora, que acaba atravessando o caminho de Tereza Cristina (Christiane Torloni) ao se apaixonar por seu marido, Renê (Dalton Vigh). As duas, então, passam a novela inteira brigando feito gato e rato. Não, não é a história mais original do mundo, e o pior: provoca uma série de situações repetidas, que não chegam a lugar nenhum, só em mais picuinhas desnecessárias.

Aliás, um spoiler (de reprise vale né?): tudo isso acontece e nenhuma das duas fica com o Renê no final. Produtivo, não é mesmo?

A gente também poderia falar dos muitos núcleos paralelos que não contribuem em quase nada com a história, que servem só para encher linguiça mesmo, cheios de personagens chatos. Alguém lembrava que o Guilherme Leicam fez essa novela, por exemplo?

Mas para que falar de coisa triste?

Vamos lembrar momentos de felicidade: o núcleo da pousada! Sim, aquele, em que Wolf Maya e Totia Meirelles formam um casal meio hippie, que adora falar de coisas tranquilas e saudar o sol todos os dias. Não é revigorante?

É, pensando melhor, é só chato mesmo...

Inclusive, Wolf Maya não estava exatamente no momento mais inspirado de sua carreira com essa novela. A direção é toda muito caricata —o próprio Aguinaldo Silva, autor da novela, reclamou na época. Tudo parece meio "fake", os personagens falam de um jeito forçado, e as câmeras não são usadas de forma criativa. E outra: ninguém realmente parou para pensar que aqueles ratos pareciam, sei lá, falsos demais?

Sim, é verdade que a novela tem seus méritos. Ela aposta em um humor fácil, popular, além de tratar tudo com uma leveza que o telespectador certamente aprecia —e que faz sentido em tempos conturbados como este, de quarentena. A novela também abusa um bocado do sex appeal do elenco (sério, na época da exibição original, a Globo fez um vídeo em que o Wolf Maya dizia que a novela estava usando "banhos eróticos" para atrair o público).

Mas, no fim das contas, nada disso esconde a verdade nua e crua sobre "Fina Estampa": a novela não é nem de longe boa. Sim, dá para dar umas risadas e se esquecer dos problemas, mas isso não compensa a trama fraca, os personagens chatos e a direção pouco inspirada. Já diria a cantora Mel: "Fina Estampa é ruim demais". Só não conta para a Tereza Cristina!