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Alexandra Loras: quem é a jornalista que expôs William Waack ao vivo na CNN

Daniel Palomares

Do UOL, em São Paulo

03/06/2020 10h17

Alexandra Baldeh Loras viu seu nome se destacar nas redes sociais na noite de ontem, após participar do programa "CNN 360º", na CNN Brasil. A ativista chamou a atenção ao demonstrar seu incômodo por ver William Waack, demitido da Globo após o vazamento de um comentário de cunho racista, agora na CNN debatendo justamente o racismo.

Hoje, a CNN e toda a mídia brasileira têm o poder de convidar acadêmicos negros para conversar sobre essa temática. Quando vejo o William Waack, que foi mandado embora por um episódio de racismo, hoje ele debater tanto tempo sobre o racismo... Eu acho que deveríamos também convidar negros para debater sobre essas questões.

Francesa nascida em Paris, Alexandra vem de uma família com influências muçulmanas e judaicas. Formada em jornalismo e mestre em ciência política no renomado Institut d'Études Politiques de Paris, mais conhecido como Sciences Po, Alexandra iniciou sua carreira como apresentadora de TV na França, em 2007, e em 2012 se mudou para o Brasil ao lado do marido, Damien Loras, então cônsul da França no país.

Aproveitando seu tempo no Brasil, a jornalista e ex-consulesa se dedicou a se aprofundar nas questões raciais do país e se tornou uma das vozes mais influentes na luta contra o racismo.

Viajei por 50 países e vivi em oito deles. O Brasil é o segundo com a maior população de negros, depois da Nigéria. Quando cheguei aqui e liguei a TV, não vi negros nos desenhos animados, nas novelas nem nos telejornais. Nem em cargos públicos. Somente 4%. O que me fez concluir que se tratava do país mais racista do mundo.

Alexandra Loras, em entrevista ao canal UM BRASIL

Mesmo depois do fim da missão diplomática, em 2016, Alexandra e o marido decidiram continuar vivendo no Brasil. Em 2017, ela causou polêmica ao anunciar a exposição "Pourquoi Pas?" (por que não?), em São Paulo, com imagens modificadas de personalidades brasileiras como Xuxa e Silvio Santos como se fossem negros. O trabalho foi acusado, na época, de blackface, que é a prática de pintar um branco como negro.

ALEX - Divulgação - Divulgação
Imagem de Xuxa alterada para a exposição de Alexandra
Imagem: Divulgação

Quero denunciar o apartheid vivido no Brasil a partir de uma narrativa estética. Mostrar como o genocídio da população negra e as poucas oportunidades dadas às crianças negras influenciam na falta de representatividade que temos nos espaços públicos.

Alexandra vive em São Paulo com a família, é autora de livros celebrando a causa racial e também dedica seu tempo a palestras e consultorias em empresas sobre diversidade racial e empoderamento feminino.

Com sua plataforma Protagonizo, Alexandra ajudou mais de 400 pessoas negras a serem contratadas por empresas multinacionais. Ela ainda é embaixadora de programas como o Plano de Menina, projeto social criado em 2017 que dá aulas gratuitas de autoestima, empreendedorismo, liderança, finanças e vida digital para adolescentes da periferia.

Quando cheguei ao Brasil, por exemplo, nunca imaginei que me tornaria essa mulher com destaque, que poderia subir em um palco e falar para outras mulheres. Agora, eu vejo que minha voz tem eco, mas eu fiquei quieta por 38 anos. Cada pessoa tem uma história para contar, um episódio de superação. É importante sonhar grande e ir atrás dos sonhos.

Alexandra Loras, em entrevista à revista Donna, em 2019

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