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Flávia Alessandra: como a quarentena revelou uma apaixonada por Lady Gaga

Daniel Palomares

Do UOL, em São Paulo

21/06/2020 04h00

Isolada há três meses em casa com o marido, Otaviano Costa, e as filhas Giulia e Olívia, Flávia Alessandra aproveitou a quarentena para se reinventar. Com a pausa nas gravações de "Salve-se quem Puder", a atriz se jogou de cabeça nas redes sociais e acabou se aproximando de uma nova geração de fãs que descobriram um outro lado da atriz: o de tiete.

Fã devota da popstar Lady Gaga, Flávia conversou com o UOL direto de sua casa, na Barra da Tijuca, no Rio, e falou sobre a paixão pela cantora e a nova rotina durante o isolamento social por causa do coronavírus.

UOL - Como surgiu a paixão por Lady Gaga? Como está sendo mergulhar nesse universo dos memes e ter contato com esse público tão jovem?

Flávia Alessandra - Sempre fui admiradora da Gaga. Estudei o início da carreira dela lá atrás, quando essa mulher estrategicamente pensou em cada passo. Ela era admiradora do [artista plástico] Andy Warhol. Sempre achei muito inusitado. Gosto das artistas que, além de serem talentosíssimas, se propõem a enlouquecer, pirar, sair da caixinha. Gostava da Madonna lá atrás, porque, nas proporções que a gente recebia na época, trilhava esses caminhos. David Bowie, Prince... Acho que a Gaga veio com essa carga.

Coincidiu de ser um momento em que muita gente estava muita gente na internet e ela lançou 'Rain on Me'. Era uma semana em que eu estava bem rebelde, louca para sair, dançar no terraço. Quando ouvi a música, era aquilo que eu queria! E aí todo o mundo começou a fazer montagens com a Naomi [personagem da novela "Morde e Assopra"], com o disco "Chromatica"... Foi uma sinergia do universo!

Ingressei tarde nisso, mas hoje sou apaixonada pelas redes sociais! Estou achando uma delícia, me divirto muito. Eu amo memes. Tenho um fã-clube que faz alguns deliciosos e, agora, através disso, estou tendo contato com outras pessoas que nunca nem vi. Acho sensacional!

Se incomoda com a exposição em excesso nas redes sociais?

Isso é muito individual, cada um sabe de si. Tem gente que curte mostrar tudo. Eu curto mostrar até certo ponto. Gosto de deixar um espaço que seja só meu. Acho bacana dividir as coisas com as pessoas do outro lado. É uma troca incrível. Mas gosto de deixar coisas que ficam só aqui.

Gosto de ter o meu mundo, que não estou postando.

A rede social é o que está nos ajudando a tocar a vida. Se antes era um instrumento que a gente achava frio, que nos afastava, hoje é através dela que conseguimos trocar informação, aprender. Acho que a gente pode passar a usar essa ferramenta a nosso favor.

Você está sendo presença frequente nos vídeos do Otaviano Costa no YouTube. Como é a experiência? Como está a convivência de vocês na quarentena?

O Otaviano já estava 100% nesse mundo da internet. Eu ficava mais de camarote. Com essa parada obrigatória do trabalho, me vi enlouquecida. Quando estou trabalhando, estou feliz e realizada. Sinto uma falta tremenda de estar, de alguma forma, me expressando. Levando minha emoção para outras pessoas. Através do canal dele, conseguimos brincar disso.

A hora de gravar é o momento em que nos desligamos da realidade. Tem sido tempos muito difíceis. Eu acho que a divisão de espaços seja uma boa solução. Cada um fica no seu ambiente e, no fim do dia, conversamos sobre o que rolou, o que produzimos. Não sei qual é a fórmula do sucesso.

Como estão sendo os dias em quarentena?

Mudou a rotina completamente. Já tivemos aniversários a distância, Dia das Mães a distância. Dividimos tarefas, estipulamos dias importantes para faxina, todo o mundo ajuda. Hoje, o lugar que mais fico é a cozinha. Desde o início do dia, já vou ajeitando a comida, arrumando as coisas. As meninas continuam tendo aulas on-line. Estamos nos desdobrando no meio dessa loucura.

Quais cuidados está mantendo com o bem-estar e alimentação?

Pratico exercícios com a Olívia duas vezes na semana. Tenho feito a minha ioga. Tenho comido muita besteira. Tomado meu vinhozinho com queijinho e nuts toda noite. Tenho me presenteado de alma porque acho que o foco agora é cuidar da nossa cabeça, mesmo estando trancafiados.

Mesmo com todos os privilégios que eu tenho —sei que sou abençoada e nada me falta—, isso não tira a loucura da cabeça. Neste momento, para a cabeça ir na direção errada é um passo. São muitos casos de pessoas entrando em depressão. Conheço gente que não aguentou e se foi durante essa quarentena. É muito delicado.

Já existe algum plano para a retomada das gravações de "Salve-se quem Puder"?

Estamos começando a conversar sobre nosso retorno às gravações. Já existe o plano. Será como se estivéssemos lançando um produto novo. No início, a gente estaria mais isolado, com uma equipe reduzida. Com todos os milhões de requisitos de higiene e segurança para conseguir ter uma frente de capítulos e almejar uma reestreia.

Uma novela é entregar um média-metragem por dia. Só dá para fazer mesmo com aquela grande quantidade de profissionais. Nessas novas condições, vamos conseguir entregar dois capítulos no mesmo tempo em que antes fazíamos cinco ou seis. Se tempo é dinheiro, certamente não vamos ficar nesse modelo depois da pandemia.

Está se reassistindo em "Êta Mundo Bom"?

Não tenho marcado nada no horário da novela! Tenho um despertador no meu telefone para lembrar que é hora de desconectar e embarcar naquela trama. "Êta Mundo Bom" já era uma novela muito leve, que unia a família na sala. Acho que foi pinçada a dedo a reprise. E é ainda mais saboroso porque me torno menos crítica comigo mesma. Consigo sentar e degustar a Sandra, sem cobranças.

Como acha que a pandemia vai transformar o entretenimento?

Já gravamos comerciais em casa com direção de arte e de fotografia pelo Zoom. Já fiz campanha publicitária com o fotógrafo coordenando a distância. Mas não acho que essa seja a tendência. Acho que a gente pode ter outras formas de trabalho. Até mesmo o teatro on-line, onde consigo ver artistas que não tinham patrocínio, não conseguiam pagar o teatro, a bilheteria. É uma experiência única ir ao teatro, mas talvez esse artista consiga uma plataforma que não tinha antes. Eu sou otimista. Acho que vamos achar formas de se virar.