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Tas sobre Adnet: 'Humorista não deveria se declarar de esquerda ou direita'

Marcelo Tas - Divulgação
Marcelo Tas Imagem: Divulgação

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

18/08/2020 15h43Atualizada em 19/08/2020 16h28

Após apontar ontem, durante o programa "Roda Viva", uma suposta incongruência existente no fato de Marcelo Adnet ser um humorista declaradamente de esquerda e tal profissão "não existir" em países comunistas como China e Cuba, o apresentador Marcelo Tas se viu na mais nova onda "polemizadora" da internet.

Muita gente, incluindo fãs, jornalistas e outros humoristas, criticou --e muito-- o questionamento de Tas

Por causa disso, houve quem o chamasse de extremista de direita, de anticomunista e até de apoiador do presidente Jair Bolsonaro, que ganhou fama após ser entrevistado no antigo programa "CQC". Segundo o ex-colega (e "zoeiro") Rafinha Bastos, Tas seria, na verdade, a identidade secreta do "velho da Havan".

Veja abaixo o momento da pergunta polêmica

Como mostra o vídeo, Adnet rebateu a colocação de Tas de forma incisiva, afirmando existir vários pontos dentro do espectro da político e que ser de esquerda não significa, necessariamente, apoiar comunistas e regimes totalitários

Ser de esquerda, afinal, seria um problema para um humorista, como muitos levantaram na internet --incluindo o próprio Adnet?

Bem, nós conversamos com Tas para ele explicar melhor a pergunta e para comentar a repercussão do caso na internet

Segundo ele, que reafirmou sua opinião, humorista não deveria nunca "se declarar de esquerda ou direita". A posição política pode aparecer, sim, mas implícita na obra. Abrir o jogo, para Tas, seria "induzir um viés e contaminar a mensagem". E foi essa a crítica endereçada a Marcelo Adnet na pergunta.

Apontei o fato incontestável de que em alguns países comandados e admirados pela esquerda, como Cuba, não existem humoristas em atividade. Isso não tem nada a ver com o bom humor e calor humano do povo cubano, evidentemente. Mas com o fato de que na ilha impera um regime que não admite a crítica, nem de humoristas nem de partidos ou até mesmo jornais de oposição à ditadura de Fidel
diz Marcelo Tas

E ele vai além

[Cuba é] o exemplo de um lugar reconhecidamente admirado pela esquerda brasileira se deve ao fato de Adnet ter se declarado de esquerda

No papo com o UOL, o xará de Adnet frisa ainda que também não há humoristas em ditaduras de direita e que eles são, na verdade, índices de saúde de uma democracia

Não há em Cuba um Marcelo Adnet. Portanto, mesmo com a brutalidade bolsonarista vigente no Brasil, somos privilegiados em poder nos abastecer do talento dele

Precipitação

Antes de concluir, Tas ainda faz questão de frisar essa é apenas a opinião dele, que, como todas as outras está sujeita a contestação.

Ainda mais dentro do formato do programa "Roda Viva", em que perguntas e principalmente réplicas muitas vezes se perdem, podendo levar a conclusões precipitadas.

Todos têm direito de contestar minha opinião, evidentemente. Temos que aprender a ir além da lacração e do cancelamento, sintomas clínicos da fragilidade do debate no Brasil
conclui Tas