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'Passei de musa conservadora à traidora esquerdopata', diz Sheherazade

Rachel Sheherazade - Reprodução/Instagram
Rachel Sheherazade Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

03/10/2020 17h00

Crítica do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), a jornalista Rachel Sheherazade disse que parte do publicou mudou a relação com ela, e que passou "de musa conservadora à traidora esquerdopata".

"De uma parte do público que se identificava com o bolsonarismo sim. Passei de musa da direita à traidora esquerdopata e outros adjetivos que não vale a pena citar. Eu não os culpo. Muitos foram ludibriados pelo seu político de estimação e suas fake news. E, ainda por cima, como esperar que esse público entenda a real concepção de esquerda, direita, liberalismo, fascismo, comunismo. Falta cultura política no Brasil", afirmou Sheherazade em entrevista à revista Isto É.

A jornalista, que teve sua saída do SBT antecipada e comunicada por e-mail, voltou a afirmar que o empresário Luciano Hand, dono das lojas Havan e apoiador de Bolsonaro, pediu a sua cabeça na emissora de Silvio Santos.

"No ano passado, o empresário manifestou no Twitter sua satisfação e alegria com relação à demissão de colegas meus do SBT. O senhor Luciano Hang chamou-os de comunistas, mesmo desconhecendo qual a inclinação política e ideológica dos jornalistas desligados da emissora. E, por fim, disse, no Twitter: "Está faltando demitir a Sheherazade". Sendo ele um empresário que fez campanha para o presidente, uma espécie de garoto propaganda do bolsonarismo e ainda por cima um dos maiores patrocinadores do SBT, sim, ficou claro que ele pediu a minha cabeça à emissora", contou ela.

Sheherazade também disse faltar liberdade às Redações e que âncora "são reduzidos a meros leitores de teleprompter".

"Sim, ainda falta opinião, senso crítico, análise e, o mais importante, liberdade nas redações. Âncoras são reduzidos a meros leitores de teleprompter, repórteres não emplacam matérias críticas aos poderosos de plantão. E até os comentaristas sofrem censura e represálias. O jornalismo deveria ser o atestado de idoneidade de uma empresa. Nunca uma moeda de troca com governantes. Quando uma empresa de comunicação põe seu jornalismo de joelhos, a serviço do Poder, ela mostra claramente que não tem compromisso e respeito com o público. Como dizem os evangelhos: não é possível servir a dois senhores ao mesmo tempo", pontuou.

O contrato de Sheherazade com o SBT terminaria no fim de outubro, e a saída da jornalista da emissora já estava acertada. No entanto, o fim do contrato com o canal foi adiantado.