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Ex-BBB Mahmoud: 'Sofri mais preconceito por ser afeminado que por ser gay'

o sexólogo Mahmoud Baydoun, do "BBB 18", ainda falou de suas aulas de educação sexual na web - Reprodução/Instagram
o sexólogo Mahmoud Baydoun, do 'BBB 18', ainda falou de suas aulas de educação sexual na web Imagem: Reprodução/Instagram

Colaboração para o UOL, em São Paulo

05/10/2020 10h44Atualizada em 05/10/2020 10h48

O psicólogo Mahmoud Baydoun, que ganhou fama ao participar do "Big Brother Brasil 18", se tornou um fenômeno na web com suas aulas de educação sexual no Instagram.

Aos 30 anos, o ex-professor de inglês acumula 3,3 milhões de seguidores na rede social e se orgulha de já se sustentar exclusivamente de suas dicas para a vida íntima dos seguidores.

"Meu Instagram é uma escola pública de sexo. É um lugar onde as pessoas vão ter acesso à informação sexual de forma divertida porque a informação não precisa ser chata. Sempre fui um professor engraçado, desde quando eu dava aula de inglês. Para mim, a gente consegue ensinar muito com humor. Muito mais do que de outras formas", afirmou Mahmoud em entrevista à revista Quem.

Na conversa, o ex-BBB, que se formou em psicologia pela Universidade Federal de Rondônia e em educação sexual pela Universidade de São Paulo, contou que reprimiu sua sexualidade por muitos anos, beijando um homem apenas aos 18 depois de perder a virgindade com uma mulher aos 17.

"Eu tinha contato sexual com um amigo da escola, aqueles contatos de adolescência, não chegava a ser sexo, um colega da escola que hoje é heterossexual. Mas eu tinha muita culpa, não aceitava. Aí, quando eu vim para o Brasil para visitar meu pai, aos 17 anos, eu perdi a minha virgindade com uma mulher e fiquei me achando. Até que eu não conseguia mais aguentar", contou.

Mahmoud, que nasceu no Amazonas, passou a adolescência no Líbano com a mãe e o irmão depois que seus pais se separaram. Segundo ele, sua experiência de autoaceitação começou quando ele voltou ao Brasil para conseguir estudar em uma faculdade gratuita.

"Em 2008 vim visitar o Brasil de novo e vi um rapaz na balada, que ficou me olhando e eu senti muita vontade de beijar ele. E beijei. Até hoje foi o melhor beijo da minha vida porque foi um beijo muito reprimido, durante muito tempo. E ali me aceitei, mas ainda não tinha contado para os outros. Mas acho que foi um processo parecido com os outros homossexuais, a gente passa por esse processo de autoaceitação, depois de contar para a família. Graças a Deus, minha família, mesmo sendo muçulmana xiita, sempre foi 'de boa' em relação à minha sexualidade, principalmente as mulheres", detalhou.

Apesar da boa relação com a família, o psicólogo contou que sofreu com casos de preconceito de desconhecidos, avaliando que foi mais julgado por ser afeminado do que por ser gay.

"Acho que sofri mais preconceito por ser afeminado do que por ser gay. (...) Desde a escola, lá no Líbano, eu sofri muito preconceito por ser afeminado. Por que as pessoas associavam meu jeito de ser afeminado a ser gay. Mas são duas coisas diferentes. Poderia ser afeminado e ser hétero, por exemplo. Expressão de gênero é uma coisa e orientação sexual é outra. Tanto que a minha pesquisa de mestrado foi sobre a feminofobia e os próprios gays. Homens gays discriminam homens afeminados. Eu costumo dizer que sofri muito mais a feminofobia do que homofobia", argumentou o ex-BBB.

Depois de sair do reality da TV Globo, Mahmoud investiu em seus cursos sobre educação sexual, voltados principalmente ao público feminino.

Apesar de receber críticas por priorizar as mulheres em suas dicas, ele explica que são elas que mais sofrem com a insatisfação na vida íntima.

"Na verdade, quando fiz a minha especialização, o meu TCC foi sobre dor e sexo anal, o meu mestrado foi sobre sexualidade gay masculina. Mas quando ganhei muitos seguidores na internet e comecei a bombar nas redes sociais, percebi que 90% do meu público são as mulheres. A maioria são mulheres heterossexuais e bissexuais, então não fazia sentido eu continuar estudando e produzindo conteúdo referente aos aspectos que estudei porque esse não era o meu público. Então me meti na sexualidade feminina", explicou.

Para ajudar as seguidoras, Mahmoud criou a UFSexo (Universidade Fuderal do Sexo), que oferece cursos online e atendimentos psicológicos.

Além do projeto, o sexólogo também fatura com a publicidade em suas redes sociais, revelando que, com os empreendimentos do sexo, está no "caminho para ficar rico".

"Minha vida mudou bastante, principalmente depois que lancei a UFSexo. Minha situação financeira melhorou 400%. Hoje vivo apenas de sexologia. Tenho três fontes de renda: o curso online, as minhas propagandas, as publicidades que só faço de marcas relacionadas a sexo, e também atendo no máximo dez pessoas por semana. Gosto e acho bom para manter a minha prática como sexólogo. Ainda não cheguei a um milhão de reais, mas vou chegar. Digamos que estou no caminho", completou.