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NSC TV e entidades de imprensa repudiam ataque a repórteres em SC

Luan Martendal

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

02/11/2020 14h47

A NSC TV, afiliada da Rede Globo em Santa Catarina, repudiou o ataque feito por banhistas contra repórteres da emissora na manhã de hoje. Entidades de classe como a Associação Nacional de Jornalistas (ANJ) e a Associação Catarinense de Imprensa (ACI) também condenaram as agressões à jornalista Barbara Barbosa e o cinegrafista Renato Sober. Os dois foram agredidos quando faziam uma reportagem sobre a fiscalização do cumprimento do decreto estadual que proíbe a permanência de pessoas na areia da praia, em Florianópolis.

Em nota enviada ao UOL, a NSC Comunicação afirmou que "o ataque e a agressão à equipe da NSC, nesta segunda-feira, na Praia do Campeche, são uma tentativa de impedir o trabalho da imprensa, de levar os fatos ao conhecimento público - o que é garantido pela Constituição Federal".

"Atitudes como esta, que infelizmente mostramos no Jornal do Almoço, estão se repetindo no país inteiro. Mas elas revelam e fortalecem a importância do nosso trabalho. Os agressores responderão pelos seus atos e nós vamos continuar fazendo o que fazemos: jornalismo profissional, independente e essencial para a sociedade catarinense."

Segundo Romí de Liz, gerente de Comunicação da NSC ao UOL, todas as medidas jurídicas cabíveis estão sendo tomadas e a emissora está prestando apoio integral aos profissionais agredidos.

No início da tarde, a repórter e o cinegrafista seguiam na delegacia prestando depoimento. A princípio, Bárbara Barbosa teve marcas da agressão nos braços e Renato Soder não ficou ferido. Não há informação se o equipamento chegou a ser quebrado.

A Associação Nacional de Jornais (ANJ) também lamentou as agressões: "Foi uma atitude covarde, autoritária, intolerante e que demonstra falta de compreensão do papel dos jornalistas na sociedade. Além das agressões verbais e físicas, condenáveis em qualquer situação, o que houve foi também uma tentativa de impedir que a verdade chegue ao conhecimento dos cidadãos. Portanto, se trata de um ataque ao direito das pessoas de serem livremente informadas", apontou a entidade, que ainda espera que os agressores sejam identificados e encaminhados à Justiça para que sejam punidos.

A ACAERT (Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão) também afirmou em nota que considera inaceitável que banhistas que desrespeitavam as medidas de isolamento social e combate à covid-19 atuem com violência para tentar impedir o trabalho de jornalistas que registravam a cena neste feriado.

"A ACAERT lembra que qualquer tipo de intimidação ou constrangimento ao trabalho de equipes de reportagem em sua missão de informar a população configura um atentado contra a liberdade de imprensa, principalmente neste momento de pandemia desta forma, pedimos que as autoridades identifiquem e punam exemplarmente os responsáveis pela agressão, destacando que qualquer tentativa de cercear os meios de comunicação são, também, um crime contra a democracia", salientou a entidade.

A Associação Catarinense de Imprensa se solidarizou com os profissionais e condenou o ato:

"Muito além de solidariedade, porém, a entidade manifesta preocupação com a crescente onda de violência contra jornalistas e contra o jornalismo. Segundo a Federação Nacional de Jornalistas, o número de agressões aos profissionais de imprensa saltou de 135 em 2018 para 208 casos em 2019. São muitas vezes agressões verbais, tentativas de desqualificação do trabalho e intimidação física e verbal, que em vários casos vêm culminando com agressões físicas. Os ataques aos jornalistas e ao jornalismo ferem a democracia e tem consequências imprevisíveis para as liberdades de todos."

Entenda o caso

A repórter Bárbara Barbosa e o cinegrafista Renato Soder da NSC TV, afiliada da Rede Globo em Santa Catarina, foram agredidos por banhistas enquanto gravavam reportagem sobre a fiscalização do decreto que proíbe a permanência de pessoas na areia. A agressão aconteceu na manhã de hoje na praia do Campeche, em Florianópolis, uma das mais movimentadas do litoral catarinense.

De acordo com informações do Jornal do Almoço, da NSC TV, a equipe se preparava para fazer uma entrada ao vivo no jornal quando os ataques começaram.

Primeiro, os profissionais da emissora foram cercados por homens e mulheres que não queriam ser flagrados descumprindo o decreto que proíbe a permanência da população na areia devido à pandemia do coronavírus. Na sequência, imagens capturadas pelos repórteres mostram o grupo ameaçando quebrar a câmera caso a equipe não parasse de gravar.

Apesar das ameaças, Bárbara e Soder continuaram registrando as intimidações. Na confusão, algumas pessoas tentaram tomar o aparelho celular da repórter, que era usado para gravar a agressão. Cercada, ela teve o celular retirado de suas mãos por uma das banhistas. Outras pessoas que estavam presentes pediam calma aos populares.