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Candidatas do PSOL entram com representação contra Constantino no MP

Constantino em live no YouTube: "Se minha filha for estuprada nessas circunstâncias, ela vai ficar de castigo feio" - Reprodução/YouTube
Constantino em live no YouTube: "Se minha filha for estuprada nessas circunstâncias, ela vai ficar de castigo feio" Imagem: Reprodução/YouTube

Do UOL, em São Paulo

06/11/2020 15h38

As Juntas — candidatura coletiva composta só por mulheres que concorre a uma vaga na Câmara dos Vereadores de São Paulo pelo PSOL — entrou hoje com uma representação contra o jornalista Rodrigo Constantino na Procuradoria do MP-SP (Ministério Público de São Paulo).

Jussara Basso, Débora Lima e Tuca alegam que, durante um comentário sobre o caso de estupro de Mariana Ferrer — Constantino teria feito discurso de ódio e incitação ao crime de estupro.

"Pelas condutas do Representado [Constantino], apresenta-se que este se utilizou de sua expressão na internet para propagar discursos misóginos, questionando a moral e a idoneidade de mulheres vítimas de violência, além de propagar ofensas às mulheres que debatem publicamente a cultura do estupro", diz a representação encaminhada ao MP-SP.

As três são militantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) — que é liderado pelo candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos.

As falas de Constantino

Rodrigo Constantino afirmou que castigaria a filha — e não denunciaria o agressor para a polícia — se ela fosse vítima de estupro bêbada durante uma live no YouTube em que comentava o caso de Mariana Ferrer.

"Se minha filha chegar em casa, e eu dou uma boa educação para que isso não aconteça, mas a gente nunca controla tudo, se ela chegar em casa um dia dizendo 'pai, fui numa festinha e fui estuprada', eu vou pedir as circunstâncias", começa Constantino no discurso.

"Fui para uma festinha, eu e três amigas, tinha dezoito homens, nós bebemos muito e eu estava ficando com dois caras e acabei dormindo lá e fui abusada', ela vai ficar de castigo feio. Eu não vou denunciar um cara desses para a polícia, eu vou dar um esporro na minha filha. Por que alguma coisa ali ela errou feio, e eu devo ter errado para ela agir assim", continuou o comentarista.

Em razão dos comentários, o jornalista foi desligado da Jovem Pan, da Record, da Rádio Guaíba e do Correio do Povo. No entanto, Rodrigo Constantino teve seu vínculo com o jornal Gazeta do Povo mantido.

Segundo apurou o UOL, a decisão foi informada na manhã de hoje aos funcionários do jornal que se sentiram "frustrados, envergonhados e revoltados" com a postura. Na conversa, os chefes informaram que passarão a observar mais o comportamento de Constantino nas redes.