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Freddie Mercury e a Aids: cantor já sabia que estava prestes a morrer

Freddie Mercury em 1985 - Koh Hasebe/Shinko Music/Getty Images
Freddie Mercury em 1985 Imagem: Koh Hasebe/Shinko Music/Getty Images

Ana Carolina Silva

Do UOL, em São Paulo

14/12/2020 17h57

Em novembro de 1991, aos 45 anos, Freddie Mercury sabia que estava perto da morte. O músico era portador do vírus HIV e morreu vítima de uma broncopneumonia no dia 24 daquele mês, poucos dias depois de interromper a medicação para a Aids — ele sentia que os remédios da época, que o mantinham vivo, também limitavam sua vida.

Por isso, em 10 de novembro de 1991, Freddie decidiu que queria "reassumir o controle" sobre o próprio corpo e estava ciente de que isso eventualmente resultaria em sua morte.

Ele sabia que a morte estava vindo, essa é a questão. Duas semanas antes do fim, ele decidiu que não queria mais as drogas que o mantinham vivo. A partir daí, ele sentiu que estava no controle, embora a doença o estivesse matando.

- Peter Freestone, amigo de Freddie

freddie mercury - Dave Hogan/Getty Images - Dave Hogan/Getty Images
Freddie Mercury se apresentou no Rock in Rio em 1985
Imagem: Dave Hogan/Getty Images

O vocalista do Queen ainda não havia revelado ao mundo que era soropositivo, mas entendeu que precisava tornar isso público logo: Freddie sabia que morreria em breve e não queria que as pessoas pensassem que a Aids era uma vergonha para ele.

Se ele quisesse mesmo promover conscientização global sobre a doença, este era um segredo que não poderia manter até sua morte. Freddie queria revelar o diagnóstico antes que alguém pudesse "desmascará-lo".

Segundo os amigos próximos, a decisão de abrir o jogo na imprensa o deixou em paz consigo mesmo.

Por isso, um dia antes de morrer, ele divulgou esta nota:

Eu quero confirmar que testei positivo para o vírus HIV e que tenho Aids. Eu guardei essa informação até agora para proteger a privacidade das pessoas à minha volta. No entanto, chegou a hora de meus amigos e fãs ao redor do mundo saberem a verdade. E eu espero que todos se juntem a mim, meus médicos e ao mundo todo na luta contra esta terrível doença.

- Freddie em 23 de novembro de 1991

Como se sabe, a Aids é uma doença capaz de danificar o sistema imunológico e prejudicar a luta do organismo contra outras infecções; por causa dela, Freddie morreu de broncopneumonia. Não existe cura para o HIV, mas, hoje em dia, com o tratamento adequado, pessoas portadoras do vírus podem passar a vida toda sem ativar a doença.

Na época, Freddie sofreu muito por ter demorado para receber o diagnóstico. Brian May, guitarrista do Queen, revelou que o amigo já tinha perdido parte de um pé por causa da Aids.

O pé dele era um problema sério. Tragicamente, pouca coisa restava deste pé. Ele nos mostrou em um jantar uma vez e pediu desculpa: 'Sinto muito por ter chateado vocês com essa imagem'. Eu disse: 'A única coisa que me chateia é pensar que você precisa lidar com essa dor terrível, Freddie'.

- Brian May, guitarrista do Queen, ao The Sunday Times

Diante dos preconceitos da sociedade e do tabu em torno da Aids —que eram ainda mais fortes na época—, Freddie Mercury manteve a doença em segredo até seus últimos dias de vida. E a privacidade continuou sendo importante para ele mesmo depois da revelação:

O cantor queria ter paz em sua morte.

Por isso, Freddie teve seu corpo cremado, e a amada Mary Austin (ex-namorada e grande amor da vida dele) é a única pessoa que sabe onde estão as cinzas.

O filme "Bohemian Rhapsody", que a Globo exibe hoje na "Tela Quente", conta parte da história do astro do Queen.

Bohemian Rhapsody - Reprodução - Reprodução
O ator Rami Malek interpreta Freddie Mercury em "Bohemian Rhapsody"
Imagem: Reprodução

Porém, nem tudo que é mostrado pelo longa-metragem é verdade.

Veja o trailer: