Porchat diz que 'com certeza' já constrangeu mulheres sem saber

Em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, Fábio Porchat comentou o caso Marcius Melhem, que está sendo acusado por atrizes de assédio sexual, e disse ter certeza de que "constrangeu" mulheres ao longo da vida, sem saber que se tratava de assédio:

"Ao longo da minha vida com certeza eu assediei, constrangi, fiz piada, dei em cima de funcionárias minhas. Eu nunca estuprei, obriguei, nada. Estou falando de um assédio de constranger."

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Na minha cabeça era óbvio, normal. Eu tô dando em cima, se ela não quiser ok. De um tempo para cá, venho me desconstruindo."

Questionado sobre se já falou com as mulheres que passaram por isso, ele respondeu: "Não tem um caso que eu lembro específico. No camarim você brinca com figurinista e ri, não são situações específicas".

O humorista adiciona que uma vez foi atrás de uma mulher que deixou desconfortável: "Teve uma que conversei com ela e ela disse que entendia, não foi legal, mas não traumatizou. Eu pedi desculpas e não dava conta na época. Para mim era uma brincadeira inocente, tentativa de beijar, dar em cima".

Punição para intimidar assediadores

Porchat também comentou o caso Marcius Melhem e disse que não se lembra de ter presenciado assédios no trabalho: "Não me lembro de ter visto nada de toque. Eu já vi em boate, homem puxando mulher, e nunca fiz nada para diminuir isso".

Até sair a matéria, ninguém sabia. Eu já tinha ouvido falar, sabia de coisas, já havia falado com Dani (Calabresa, que segundo reportagem da revista Piauí foi assediada por Melhem), mas ninguém expõe a pessoa. Tem que esperar o tempo da vítima."

Cauteloso, Porchat afirmou ser difícil que a acusação das vítimas faça parte de um suposto complô contra Melhem: "É muita vítima, muita gente falando. Se fosse só um caso de vingança, não tinha tanta gente falando. Não sou juiz e nem tribunal. O que posso fazer é dar espaço para as vítimas para isso se esclarecer e ficar mais evidente para que a pessoa que faz isso seja punido — não só demitido, mas que responda pelo crime".

Em sua avaliação, sem citar diretamente Melhem, é preciso haver punição em casos semelhantes, se for comprovada a culpa do acusado. "As pessoas esquecem, estamos falando de um crime, onde a pessoa precisa ser presa. As pessoas precisam ter medo, estarem intimidadas, saber que há punição possível. E eu acho que vai haver."