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Xuxa fala sobre abuso e conta que carregou trauma até namoro com Junno

Xuxa Meneghel em foto recente no Instagram - Reprodução/Instagram
Xuxa Meneghel em foto recente no Instagram Imagem: Reprodução/Instagram

Colaboração para o UOL, em São Paulo

02/03/2021 07h50Atualizada em 02/03/2021 10h37

Xuxa Meneghel está vivendo uma nova fase em sua vida. Sem um programa próprio na televisão e com planos de se mudar para a Itália, a "rainha dos baixinhos" agora ocupa a cadeira de entrevistada sem medo de assuntos mais polêmicos.

Na capa da "Marie Claire" desse mês, ela destacou sua alegria com a maturidade e comentou as marcas deixadas em sua vida pelos abusos que sofreu na infância, contando que carregou alguns traumas íntimos até o namoro com Junno Andrade, já com mais de 50 anos.

Xuxa disse que ao encontrar com pessoas que já passaram por uma situação semelhante, a identificação é imediata.

"Basta um gesto e entendo que foram abusadas, que somos da mesma tribo. É um canal que as pessoas nem precisam falar porque quem passa por isso não quer ouvir nada. O que a gente queria era ter sido abraçada lá atrás, quando tudo aconteceu", explicou ela, que revelou os abusos sexuais em 2012, durante entrevista ao "Fantástico".

De acordo com a apresentadora, hoje com 57 anos, esses "encontros silenciosos" são parte do processo de cura de cada um. "Um sinal de 'sinto muito, estou aqui para você' já diz tudo. A única coisa que a gente quer é saber que não está sozinha", frisou.

Xuxa ainda destacou o apoio que recebeu de seu companheiro, Junno Andrade, e falou sobre o impacto de seu passado na relação dos dois.

"Em um de meus abusos, o namorado da minha avó apertava o bico do meu peito por debaixo do pijama, e doía muito. Nas minhas relações, bastava alguém tocar no meu seio para eu me retrair inteira", relembrou.

Segundo ela, foi Junno o primeiro homem com quem se relacionou a querer entender o motivo da reação — e com isso, ela conseguiu se abrir.

"(Ele disse): 'Não é aquele cara que está fazendo isso. Sou eu, alguém que ama você. Me diz o que ele fazia. Vou fazer igual, você vai olhar para mim e vai ver que sou eu na sua frente'", relatou Xuxa, que confessou que o momento foi crucial em sua vida sexual.

"Chorei enlouquecidamente. Mexeu em uma caixinha que estava guardada havia muitos anos e me fez falar, sentir".

Sexo e veganismo

Apesar de seus outros relacionamentos públicos (Pelé e Ayrton Senna são os exemplos clássicos), Xuxa diz que foi com Junno que passou pelo processo de liberação sexual, isso aos quase 50 anos. "Quando entrei na menopausa, comecei a usar um creme nas pernas à base de testosterona, hormônio que sempre me faltou. Tanto que tinha uma voz mais fina, pouco cabelo, unha frágil... Agora estou bombando", celebrou.

Agora, sexo é pauta constante. "Ouço jovens dizendo que transam duas vezes por mês. Se isso acontece aqui em casa, tenho de botar a mão na cabeça dele e na minha para ver se estamos doentes", brincou. "Não é só sexo, a gente namora, um olha para o outro e diz 'te amo', beija muito. E nada de selinho, precisa colocar a língua lá dentro", detalhou.

Xuxa também credita o aumento de seu apetite sexual a uma dieta vegana, da qual ela já queria ser adepta desde o começo da adolescência, mas só conseguiu aos 13, depois de dois anos para convencer sua mãe. "Ela não tinha essa informação de que dá para se alimentar bem sem ser de bicho", explicou ela, que parou de comer ovo aos 15 e, aos 26, deixou de comer frango.

Há cerca de três anos, uma cena mudou o seu panorama alimentar novamente: dono de um aquário, Junno alimentava seus animais quando um camarão começou a brincar em sua mão. "Aí pensei: 'Como posso dizer que gosto só de cachorro e gato? Mas e a vaca, o porco, a galinha e todos os bichos usados para matar nossas vontades?'".

Depois de assistir ao documentário "Terráqueos" (dirigido por Shaun Monson em 2005), Xuxa abraçou a bandeira do veganismo. "Me senti num mundo errado e não queria mais bater palma para esse universo. Se dei voz a crianças abusadas, por que não dar aos bichos, que não falam? Não consigo mais passar na frente de uma churrascaria porque sinto uma energia ruim", disse.

E essa não foi a única bandeira abraçada por Xuxa em sua carreira, já que ela também dá suporte para a comunidade LGBTQI+, que desde sempre a tem como musa. "Ninguém precisa estar naquele lugar para abraçar uma bandeira", frisou, dizendo em seguida que todos aqueles que tem espaço na mídia precisam se posicionar.

"Quando você não comenta algo como uma mulher morta em casa ou um homem dentro de um supermercado (por causa do racismo), você está aceitando esse tipo de morte", destacou.

Atualmente fora da TV aberta, Xuxa se dedica a outros projetos, como seu filme biográfico e uma série para a Disney Plus. Trabalhando sempre, ela também espera por sua vez para receber a vacina contra a covid-19.

"Sou grata a tudo o que conquistei e vivi. Agradeço às minhas rugas, à minha flacidez, às minhas celulites. Às vezes dói em mim, claro, precisei fazer quatro cirurgias para arrumar a prótese de silicone que não deu certo, mas, de verdade, só quero ser feliz. A velhice chega para todo mundo", finalizou.