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Derrota de Marcos mostra que o Brasil ainda tem salvação

Marcos Harter ouve perguntas na final de "A Fazenda 9" - Reprodução/R7
Marcos Harter ouve perguntas na final de "A Fazenda 9" Imagem: Reprodução/R7

Especial para o UOL

08/12/2017 12h06

Passei os últimos meses muito preocupado com os rumos de "A Fazenda". E não digo isso só pela tristeza que é passar duas horas por dia assistindo alguns VTs modorrentos sobre subcelebridades fazendo terapia ocupacional com animais. Vivemos um momento muito particular do país, com discussões sobre qualquer tema ficando cada vez mais agressivas.

A vitória de Flávia Viana não deixa de ser um recado do povo contra a truculência que vem se instalando com muita intensidade em nossa sociedade. Dá até a impressão de que foi uma mobilização muito mais forte contra o Marcos do que propriamente a aclamação popular da campeã.

É inegável que Marquinhos do Hospitalar tem carisma e consegue atrair uma legião de fiéis seguidores. Espero que a derrota faça com que o nobre doutor tenha a sabedoria de refletir sobre sua postura em relação aos outros. Pessoas com o temperamento de Marcos são fundamentais em reality shows, mas muitas atitudes pareceram fora do tom até para os padrões baixíssimos da Fazenda.

Sobre a Flávia, acho que o esquema é o seguinte. A revista "Casseta Popular", precursora do "Casseta & Planeta", lançou em 1988 o Macaco Tião como candidato a prefeito do Rio de Janeiro. Era uma campanha a favor do voto nulo, embalada pela consternação do público com os concorrentes ao pleito. Eis que o simpático chimpanzé amealhou ruidosos 400 mil votos.

Macaco Tião - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Macaco Tião

Os quase 40 milhões de votos da Flávia tem mais a ver com a consternação do público com as ações de Marcos do que qualquer outra coisa. E isso não diminui em nada a importância da conquista. Foi dela a mais ativa voz no contra-ataque dos discursos raivosos do dileto cirurgião.

Nossos corações foram tomados por uma renovada esperança no Brasil. Os votos na final de "A Fazenda" foram de cunho estritamente educativo. Está morto quem peleia. Chegou o momento de todos termos um pouco de paz. A única bandeira a ser hasteada é branca.

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Foi uma alegria inenarrável passar todos esses meses acompanhando o requinte e a sofisticação da temporada 2017 de A Fazenda. Só ficou faltando o Rafael Ilha. Espero por ele no ano que vem -- e pelo amigo leitor também. Nesse meio tempo, é possível acompanhar a Coluna Chico Barney diariamente neste endereço e também no meu Twitter.

Por enquanto é isso, graças ao bom Deus. Voltamos a qualquer momento com novas informações.