Topo

Nunca houve no "BBB" uma candidata tão amada e detestável quanto Ana Paula

Carismática, espontânea e inconveniente, Ana Paula foi a protagonista da edição - Reprodução/TV Globo
Carismática, espontânea e inconveniente, Ana Paula foi a protagonista da edição Imagem: Reprodução/TV Globo

Mauricio Stycer

Colunista do UOL

05/03/2016 12h00

Eliminada por dar dois tapas em Renan, Ana Paula teve uma trajetória meteórica no “BBB16”. Foram 47 dias intensos, ao longo dos quais a candidata conquistou um fã-clube ruidoso, que a enxergava como “rainha”, e uma enorme torcida contra, que a odiava com paixão.

Mais do que outros personagens lendários da história do “BBB”, Ana Paula foi uma candidata moldada para os dias de hoje, em que as redes sociais se tornaram o palco para debates de surdos, trocas de ofensas e termômetro de popularidade. 
 
Inteligente, espontânea, convincente e inconveniente, Ana Paula criou uma personagem fascinante dentro do programa. Nas suas próprias palavras, “a vilã carismática”. Para quem a olhava de fora, parecia possuída pelo espírito de vingadora em defesa dos fracos contra os fortes e do bem contra o mal. 
 
Como muita gente no Twitter, Ana Paula foi preconceituosa com Renan, bem como irresponsável e leviana nas suas acusações a Laércio. Foi sincerona com Juliana (“vim irritar as pessoas que me irritam”). Provocou Daniel de forma desconcertante. Foi graciosa e engraçada nas suas tiradas diante de candidatos que percebia fracos e hesitantes, como Matheus e Geralda. E foi carinhosa e amiga daqueles que se renderam ao seu reinado, em especial Ronan e Munik.
 
Como escrevi em fevereiro, o comportamento de Ana Paula me lembrou muito o da cantora Mara Maravilha na última edição da "Fazenda". Com seu "papo reto", sua retórica envolvente, algumas doses de agressividade e um humor bipolar, ela foi a maior protagonista que o programa da Record já teve. Ao final, depois de 64 dias, saiu como vilã, derrotada por um dos participantes mais inexpressivos da casa, Marcelo Bimbi.
 
Em uma conversa com Ronan, em fevereiro, Ana disse que foi questionada sobre o que poderia levá-la a ganhar o "BBB" e respondeu: "A minha empatia com o público lá fora. Porque dentro da casa eu já sabia que seria muito difícil. Porque eu me conheço. Há 34 anos convivo com a minha própria pessoa. E eu não sou de alisar nem assoprar ninguém. Nunca fui."
 
A candidata se conhecia muito bem, como se vê. Enquanto Ronan ouvia, Ana ainda acrescentou: "Ainda falei que poderia ser aquela vilã carismática. Sabe aquela vilã que todo mundo gosta? Tipo a Carminha, a Atena, a Nazaré."
 
Ana Paula foi uma grande personagem. "Eu não sou nojenta! Eu sou ótima!", gritou na noite de sexta-feira (04), quando já dava sinais de ter bebido além da conta. Perdeu o controle, infelizmente, e foi eliminada. Não me surpreenderia, caso ficasse até o fim, que ela fosse a campeã do programa. Seria um resultado em tudo coerente com os tempos que vivemos.