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"BBB16" coloca em xeque votação da Globo e expressa força de fãs-clubes

Adélia dá adeus ao "BBB16", após paredão triplo com Munik e Ronan - Reprodução/TV Globo
Adélia dá adeus ao "BBB16", após paredão triplo com Munik e Ronan Imagem: Reprodução/TV Globo

Mauricio Stycer

Colunista do UOL

01/04/2016 16h56

O “BBB16” será lembrado, entre outros motivos, como a edição que mais deixou dúvidas sobre a eficácia do sistema de votação implementado pela Globo. Nunca ficou tão claro, quanto em 2016, o peso de fãs-clubes e mutirões de votação nos resultados. Mais grave, pela primeira vez, a emissora foi obrigada a admitir que o seu sistema não é totalmente seguro.

Ana Paula, em sua vertiginosa trajetória no “BBB16”, rapidamente aglutinou um enorme fã-clube, com interminável apetite para participar de mutirões de votos. A sua expulsão não diminuiu muito o ímpeto desta turma, que passou a votar nos aliados da jornalista mineira.

No meio do programa, a Globo tomou uma decisão polêmica – alterou o sistema de votação, buscando dar peso regional ao resultado. Foi um critério injusto – dar valor igual a populações de tamanhos diferentes – destinado, talvez, a quebrar a hegemonia do principal fã-clube. Não funcionou. Todas as votações foram homogêneas em termos regionais.

A certa altura, um estudante de engenharia provou ter entrado no sistema de Globo e acompanhado, em tempo real, o desenrolar de uma votação. Ele não foi capaz, aparentemente, de interferir no resultado, mas expôs uma fragilidade inaceitável do sistema.

A “invasão”, lógico, aumentou a desconfiança de parte do público, uma vez que vários paredões mostraram resultados finais diferentes das enquetes de sites, entre as quais a do UOL, a mais tradicional.

Enquetes sobre o “BBB” não possuem caráter científico ou qualquer influência sobre o resultado do programa da Globo, mas as votações do UOL sempre expressaram muito fielmente os humores do público do reality show.

A primeira vez que ocorreu, de forma clara, um resultado bastante diferente entre enquete e votação foi no “BBB10”, na disputa entre Lia e Ana Mara. Aquele paredão, segundo Bial, teve 92,2 milhões de votos. Enquanto todas as enquetes apontavam a saída de Lia, o resultado final foi a eliminação de Maroca.

Ali ficou claro que um fã-clube poderoso, o de Marcelo Dourado, havia tomado as rédeas do jogo. Várias das disputas que envolveram aliados do “brother” tiveram resultado determinado por este grupo. Ao final, claro, venceu o candidato com maior apoio de torcedores – com o número até hoje recorde de 154 milhões de votos.

A ação de grupos organizados, dedicados a passar noites e dias em mutirões de votação, voltou a ficar visível durante o “BBB14”. Não por coincidência, novamente as enquetes deixaram de acertar alguns resultados – os que envolviam Clara e Vanessa. Com apoio do fã-clube “Clanessa”, as duas chegaram a final.

Agora, no “BBB16”, novamente algumas votações, justamente as que tiveram resultado muito diferente das enquetes, exibiram números estratosféricos de votos. O sinal, parece, claro. Os números crescem muito quando os fãs-clubes se organizam para votar. Quem tem mais braços e fôlego, vence. É correto? Aparentemente, sim. É justo? Acho que não.