Se Bial foi a cara do BBB, Leifert parece querer dizer que é apenas a voz

Pedro Bial e Tiago Leifert no comando do "BBB"
Imagem: Reprodução/Globo/FotomontagemReality show de mais longa duração e maior sucesso na história da TV brasileira, o “Big Brother Brasil” se tornou uma marca indissociável da cara de Pedro Bial. O jornalista abraçou e levou a sério o programa desde o início. Com seu jeitão, meio sério, meio debochado, deu alguma solenidade ao que parecia um entretenimento de mau gosto e ajudou muito a transformá-lo num fenômeno de audiência e publicidade.
Com o estilo que desenvolveu, os rituais que inventou e mesmo com os erros que cometeu ao longo dos anos, Bial passou a ser visto como sinônimo de “BBB”. E essa identificação ficou tão forte que, a certa altura, passou a impressão de que o programa não existiria sem ele.
A sua troca por Tiago Leifert, na 17ª edição, está aí para mostrar que ninguém é insubstituível. A tarefa, porém, não é nada fácil.
É preciso dizer que comparar a atuação de Bial em 16 temporadas com a de Leifert em uma semana não é apenas injusto, como quase impossível, na prática. O que dá para notar nestes primeiros dias são, no máximo, alguns sinais de como o novo apresentador deseja ser visto neste início. Não quer dizer que seguirá deste mesmo jeito até o fim da edição.
O que mais me chamou a atenção, até o momento, é que depois da fase “o BBB sou eu”, de Bial, chegou “o BBB é nosso”, de Leifert. O novo apresentador tem insistido, de várias maneiras, em dizer que está ali apenas falando em nome de algo maior, que é a direção do programa.
Logo ao anunciar a eliminação dos gêmeos, no sétimo dia, ele disse: “Eu não gostaria de fazer o que vou fazer agora. Mas sou apenas um porta-voz do Grande Irmão”. Nesta terça (31), voltou a se dirigir de forma humilde ao diretor: “Grande Irmão, nós já temos o resultado?”
Mais do que uma forma de se diferenciar de Bial, o tratamento usado por Leifert sugere uma postura de distanciamento. Isso é visível, igualmente, na sua insistência em começar frases com “a gente”. “A gente já formou três casais”; “a gente tá gostando muito de ver o que vocês estão aprontando”; “a gente preparou um programa muito legal”...
Com um tom de voz mais suave, um texto mais didático e óbvio, além de um vocabulário mais jovem (“talvez eu dê uma trolladinha nos gêmeos”), Leifert se diferencia discretamente de Bial, sem fazer muito alarde.