Kaysar finge para o público ou para si mesmo?
O filme “A Vida é Bela” é uma produção italiana que fez sucesso mundialmente no final do século passado. Roberto Benigni dirige e protagoniza a história de um judeu que é capturado pelos nazistas e vai parar em um campo de concentração junto com o filho pequeno. Para amenizar a tragédia, faz bom uso de sua inteligência e perspicácia para entreter o rebento, fingindo que tudo o que está acontecendo é parte de um jogo.
Egresso de difíceis situações envolvendo guerras e problemas sociais na Síria, às vezes acho que Kaysar é o Roberto Benigni de si mesmo. Costuma agir como quem passa os dias criando fantasias para distrair das lembranças e disfarçar a dor. É um sujeito carismático e bem humorado, me divirto bastante com ele.
Em outros momentos, quando acordo mais cínico e amargurado com a vida, desconfio que Kaysar pretende ser Roberto Benigni para a audiência. Nas repetidas vezes em que parece forçar uma dificuldade para entender coisas que não condizem com suas atitudes, fico pensando se ele não está armando uma pindureta para cima de nós.
Sei que cobrar sinceridade e transparência de um participante do "BBB" é um pouco demais. Mas tudo o que peço, pelo menos, é um pouco de verossimilhança. Quando maior a aposta na construção de um personagem, mais difícil é manter uma linha coerente durante toda a temporada. Talvez por isso Kaysar tenha uma performance tão irregular.
No final das contas, tanto faz acreditar ou não na postura do Kaysar. Se alguns exageros forem suficientes para entreter a maioria da audiência e ainda fazê-lo milionário, talvez ninguém saia perdendo. Tirando os outros concorrentes, claro.
Verde ou caindo de maduro?
Antes de me despedir por hoje, um outro fato para reflexão sobre “A Vida é Bela”: o filme ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 1999, justamente em cima de uma produção nacional, o incensado “Central do Brasil”.
Voltamos a qualquer momento com novas informações.
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