Com duração recorde, prova testa os limites da crueldade
“Não há sensação mais intensa e ativa que a dor, as suas impressões são inconfundíveis”
- Marquês de Sade
Provas de resistência servem para nos lembrar daquilo que o "BBB" tem de mais nobre. E também o que tem de mais baixo. Sem dúvida é emocionante ver a entrega de participantes que lutam bravamente contra as intempéries físicas e ambientais para alcançarem o sucesso. Mas também é uma amostra do quão patética é a condição humana, passando por todos os descalabros dessa vida em troca de um pouco mais de fama ou dinheiro.
O telespectador, esteja ele preocupado com a saúde de Kaysar e Ana Clara, ou se divertindo como uma hiena com carniça, é parte fundamental do espetáculo. Como quem ia às arenas de antigamente ver pessoas serem devoradas por leões, mas é acometido pela fraqueza e acaba fechando os olhinhos enquanto um irmão é dilacerado.
Independente do vencedor, do recorde, do prêmio e da imunidade, trata-se de um ensaio sobre os limites de todos os envolvidos. Desde a força dos participantes até o sadismo da produção, passando pela indisfarçável crueldade de toda a audiência.
Também observamos com atordoante curiosidade os limites da publicidade. A propaganda na TV costuma durar 30 segundos. Enquanto escrevia essas linhas, a prova homenageando uma montadora de carros já durava mais de 40 horas e estava entre os assuntos mais debatidos da internet. Confesso que estou até com vontade de pegar um longo congestionamento a bordo do novo lançamento automobilístico. Nunca senti isso antes.
Me despeço com as palavras proféticas de outro sádico, o cantor Paulo Ricardo:
“Se querer é poder
Tem que ir até o final
Se quiser vencer”
Voltamos a qualquer momento com novas informações.
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