Livro mostra repetições, fracassos e polêmicas dos reality shows
Mauricio Stycer
18/02/2011 09h36
É uma febre, como se sabe, mundial. O "Big Brother", por exemplo, já mereceu adaptações em 54 países. Em sua imensa maioria, os programas exibidos aqui são reproduções de formatos estrangeiros – adaptações legais ou cópias piratas, como foi "Casa dos Artistas".
Há muito o que discutir sobre o encanto provocado por estes programas. "Almanaque dos Reality Shows no Brasil" (Panda Books, 168 págs., R$ 27,90) não se propõe a isto. Mas o trabalho da jornalista Karina Trevizan, com a sua profusão de dados e curiosidades, pode ajudar a quem se interessa em entender melhor este gênero.
O livro estabelece seis subgêneros de reality show – e os batiza como jogos de sobrevivência (caso de "Hipertensão"), concursos de talentos ("Ídolos", "Fama"), disputas ("O Aprendiz"), confinamento ("A Fazenda", BBB), ajuda de profissional ("Supernanny") e "a vida como ela é" ("Troca de Família", "Dr. Hollywood").
Talvez o caso mais engraçado seja do reality "Apartamento de Modelos". No esforço de entrar na onda, a RedeTV confinou oito modelos num mesmo espaço por 30 dias, em 2002. Com pouca verba, porém, registrou o cotidiano delas apenas com uma câmera, operada pelo cinegrafista, que também era roteirista e diretor do programa. Apresentado por Nelson Rubens, conta Karina, "Apartamento de Modelos" entrou para a história como o reality show de uma câmera só.
A peça de resistência do livro é o BBB, o mais bem-sucedido e longevo reality show da tevê brasileira. A autora descreve cada uma das dez primeiras edições em detalhes, lembrando histórias, polêmicas e besteiras ocorridas nos programas.
Uma das listas mais curiosas levantadas por Karina é a dos participantes que posaram nus depois de saírem da casa. Entre mulheres e homens, são 42 – uma confirmação de que não é necessário conquistar o prêmio principal para assegurar o passaporte da fama.
Aliás, outro levantamento do livro diz respeito ao destino dos vencedores do BBB. A metade deles não conseguiu conservar o dinheiro ganho e se perdeu em negócios mal feitos.
Em entrevista à revista "Trip", em março de 2010, Daniel Filho disse: "O Boninho nunca foi meu desafeto. Eu me considero um irmão do Boni, o pai dele. Então a última pessoa que eu poderia xingar é o Boninho. E o Boni já é tão severo com o Boninho que eu não preciso dizer nada! Várias vezes eu falei pro Boni: não fala assim com o menino [risos]. Juro, pode publicar aí."
Em tempo: em dezembro de 2010 publiquei aqui no blog um texto sobre o assunto, intitulado A década em que viramos voyeurs e juízes da vida alheia.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.