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A falta de transparência do Big Fone

Mauricio Stycer

19/02/2011 12h42

Novidade da oitava edição, o Big Fone é uma ferramenta de interferência no andamento do BBB utilizada ao sabor dos interesses da produção, quase sempre de forma pouco transparente.

Funciona assim: às sextas-feiras, em horário que não é do conhecimento de ninguém – nem do público, nem dos participantes –, toca um telefone dentro da casa. Quem atende o aparelho ouve uma mensagem, igualmente ignorada, até então, por todos. A voz do outro lado da linha pode determinar algo ruim ou dar algum poder para quem atende.

Como o público não sabe previamente o que será dito, é fácil supor que o Big Fone possa dar instruções diferentes, dependendo de quem o atenda. E como nunca sabemos a que horas vai tocar, também não é difícil imaginar que seja possível escolher quem o atenderá, em função do deslocamento dos participantes dentro da casa.

Fato raro, nesta sexta-feira, no início da tarde, o diretor Boninho resolveu informar ao público qual seria o conteúdo da mensagem do Big Fone. "Quem atender está direto no paredão. Só o líder escapa!", escreveu no Twitter.

Para quem acompanha o programa, esta informação implicava numa outra: a de que o próximo paredão seria triplo, formado por quem atendesse o Big Fone, por quem o líder indicar e por quem a casa escolher no domingo.

Como o diretor não disse em que momento do dia o telefone iria tocar, fiz então uma provocação no Twitter, sugerindo que o Big Fone poderia ser ajustado ao sabor da sua vontade, de maneira a impedir que Rodrigão, Mauricio e Diogo se enfrentassem no paredão: "Para evitar o anunciado confronto entre dois dos três mosqueteiros (ou patetas), BBB11 providencia um paredão triplo pra domingo".

Em resposta, Boninho correu ao Twitter para dar outra informação que raramente oferece ao público: "Big Fone vai tocar no início do segundo bloco do programa! Sorte, digo, azar de quem estiver por perto". E em seguida acrescentou: "O Maurício Estraz é muito esperto! Rsrsrs"

Só posso dizer, depois deste último comentário do diretor, que fico feliz de ter contribuído para o BBB11 ganhar um pingo de transparência.

Não que o BBB tenha que ser transparente. O programa pertence a uma empresa privada e ela faz o que bem entender com ele. Pode inventar as regras que quiser e fazer o uso que preferir delas. Mas, pelo visto, tem consciência de que, na sua relação com o público, precisa ser minimamente crível.

Em tempo
: Rodrigão atendeu o Big Fone e está no paredão. Mais informações aqui.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.