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Uma porta-bandeira no chão e outras histórias de Carnaval

Mauricio Stycer

09/03/2011 17h26

Este ano, pela primeira vez, fui escalado para acompanhar o desfile das escolas de samba do Rio no chão, e não apenas nos camarotes, onde sempre vou. Foi, de longe, o meu melhor Carnaval na avenida.

Para começar, no sábado, pela primeira vez, assisti aos desfiles do Grupo de Acesso. É um evento diferente, às vezes estranho, sem o marketing, os recursos e o glamour dos desfiles do Grupo Especial. Para complicar ainda mais, sofre a concorrência do desfiles das escolas de São Paulo – enquanto o primeiro é transmitido pela Band, o segundo é visto na Globo.

Meu texto sobre o desfile, Sem musas nem recursos, Grupo de Acesso ainda enfrenta chuva e cachorro na avenida, provocou alguns comentários irados, de gente que considera este o verdadeiro Carnaval carioca. Como este: "Típico comentário de jornalista de São Paulo… Cenário envelhecido??? A escola com o desfile mais pobre do grupo de acesso do carnaval do Rio de Janeiro ganharia fácil o Grupo Especial da terra da garoa… Inveja é uma tristeza!!!" Pode ser. Fica aqui o registro.

Por recomendação de um colega, fui ao Sambódromo de metrô. O que se revelou uma ótima experiência no sábado, virou um pesadelo no domingo, como escrevi no blog, por causa da multidão nas ruas, na zona sul da cidade.

Quando cheguei, depois de uma epopeia de duas horas e meia, a São Clemente já estava na avenida. Corri para a concentração e a primeira imagem que vi foi de uma passista no chão, vendo a própria escola passar. Achei que ela tinha se acidentado, mas logo que vi que estava sorrindo.

Monique, segunda porta-bandeira da escola, apenas aguardava a hora de entrar na avenida. Com 54 quilos, carregava uma fantasia com a metade do seu peso. "É muito pesada", disse. Sorridente, fazendo fotos com todo mundo que solicitava, ela arrancou aplausos da arquibancada assim que começou a desfilar.

Sem câmera fotográfica, fiz um registro da porta-bandeira com o meu telefone celular. Não ficou muito bom, infelizmente. E, por isso, acabou não entrando na reportagem que escrevi sobre o primeiro dia dos desfiles, Roberto Carlos faz piada, Gisele fica nervosa, Caetano esconde camiseta e Sabrina Sato se diverte na Sapucaí. Arrependido, publico nesta Quarta-feira de Cinzas a imagem da porta-bandeira no alto do blog.

Já visita ao camarote do Rei acabou rendendo uma foto bem legal, que publiquei aqui no blog. Principal assunto no Carnaval carioca, aliás, Roberto Carlos deu trabalho para os jornalistas. Trancado dentro de um ônibus na concentração da Beija-Flor, ele só subiu no carro alegórico às 6h05 de terça-feira.

O segundo dia rendeu o texto Prefeito do Rio fala de BBB, Aécio lembra John Lennon na cama, Lea T. vai para o "chiqueirinho" e passista pede um "selinho" para Hebe, publicado no UOL.

Foi assim meu Carnaval. Cansativo, mas muito divertido.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.