Em outros tempos, você abria as revistas na Quarta-feira de Cinzas ou na quinta-feira para saber – e ver – quem foi a mulher que mais se destacou no Carnaval. A mais bonita, a mais ousada, a mais pelada, a que fez mais sacrifícios para desfilar, o rosto novo que superou as veteranas… As revistas, enfim, prolongavam a festa com um show de fotos estouradas e surpreendentes, flagrantes inesperados e, eventualmente, algumas poses calculadas.

Hoje, antes mesmo de chegar na banca, você já pode imaginar quem vai estampar as capas das revistas e o que você vai ver lá dentro. São sempre mulheres lindas, mas não necessariamente as que mais brilharam no Carnaval, as que estampam as capas. Nas páginas, as principais fotos exibem artistas dentro de camarotes, fazendo gestos estudados, com um sorriso nos lábios.

Gisele Bundchen, por exemplo. Mulher mais bonita do que ela no Brasil há poucas. Mas na avenida foi apenas uma entre milhares. Daniela Mercury? Ivete Sangalo? Sandy? Angélica? Vamos falar sério…

De todas as revistas que vi, a que me pareceu ter feito a melhor escolha foi a "Hola!", ao estampar Sabrina Sato em sua capa. Rainha da bateria da Vila Isabel, no Rio, e madrinha da bateria da Gaviões da Fiel, em São Paulo, a repórter do "Pânico" deu show, de fato.

Mas haveria dezenas, centenas de mulheres a destacar no Carnaval, longe destas escolhas meio óbvias, orientadas mais por acordos com patrocinadores do que pela pulsão da avenida.