“João Sorrisão” é capaz de acertar a cabeça da própria Globo
Estava de férias quando o "Esporte Espetacular", programa semanal da Rede Globo, lançou a promoção do "João Sorrisão", prometendo entregar um exemplar do boneco de plástico a cada jogador que comemorasse um gol imitando o seu jeito de balançar – para os lados, para frente e para trás.
Retornei ao Brasil há uma semana e desde então li algumas menções a "João Sorrisão" no Twitter sem entender direito. Até que, neste domingo, vi o vascaíno Felipe comemorar, em conjunto com os companheiros de time, o gol que marcou contra o Atlético-GO.
Lendo várias opiniões a respeito, encontrei a defesa que o editor-chefe do programa, Sidney Garambone, fez do "João Sorrisão" e aprendi que a iniciativa foi muito elogiada por marqueteiros. E é justamente disso que se trata.
Um dos indicadores de sucesso do jornalismo esportivo popular, desde a década de 30 do século passado, é a sua capacidade de inventar modas e fazer vingar as suas iniciativas.
No passado, "Jornal dos Sports" e "Gazeta Esportiva" foram mestres na criação de promoções, apelidos para jogadores, bordões para times e slogans para os confrontos entre equipes. Radialistas criativos seguiram a trilha, inventando bordões e nomes de guerra para os protagonistas do espetáculo. O "Lance!" vem tentando fazer o mesmo, assim como inúmeros jornais populares hoje no mercado.
O "Esporte Espetacular" está, portanto, no direito de fazer a promoção que quiser, por mais idiota que seja. O fato de tantos jogadores se submeterem a ela é que assusta.
A ação do "Esporte Espetacular" expôs mais uma vez o poder de fogo da Globo, dona dos direitos de transmissão do Brasileiro. A emissora dá uma visibilidade que nenhum concorrente é capaz de oferecer. Em três semanas, dezenas de jogadores comemoraram seus gols imitando o "João Sorrisão".
Fora o sucesso de marketing, não vejo nenhuma qualidade nesta promoção. Aliás, creio que este sucesso é capaz de produzir um efeito bumerangue, ou de "bate e volta", como o próprio boneco, e acabar acertando a cabeça da emissora.
Afinal, já proibidos de tirar a camisa e de correr para fora do campo na hora da maior alegria, só falta agora todos os jogadores comemorarem o gol de uma mesma maneira. Seria um desastre para quem transmite o campeonato.
Em tempo: Um dos maiores goleadores da história do futebol brasileiro, o genial Dadá Maravilha, lamentou em seu Twitter que os jogadores estejam sendo tão pouco criativos na hora de festejar o gol. Assim que a promoção começou, o blog UOL Esporte Vê TV também deu o seu pitaco no assunto. Você pode ler aqui.
Sobre o autor
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.