“Beijo gay” em novela do SBT não passou de peça de marketing
Novelas são obras abertas e sofrem influencias variadas ao longo do tempo que permanecem no ar. O papel dos espectadores costuma ser decisivo. Manifestando seus humores em relação a aspectos das tramas e dos personagens, colaboram diretamente, obrigando os autores a mudar o rumo das histórias que planejaram.
De todas as novelas hoje no ar, em pelo menos duas as alterações provocadas por pressão da audiência são muito visíveis e têm sido discutidas publicamente.
"Morde & Assopra", na Globo, como escreveu nesta sexta-feira o colunista Flavio Ricco, aqui no UOL, é uma delas. Núcleos originalmente importantes perderam espaço e atores viram seus papéis minguarem, enquanto outros ganharam espaço não previsto.
Em "Amor e Revolução", no SBT, a submissão aos humores do público parece ser ainda mais determinante. Com dificuldades no Ibope desde que foi ao ar, a novela de Tiago Santiago transformou efetivamente o espectador em coautor. Centrais na trama, que se passa durante a ditadura militar, as cenas de tortura foram drasticamente reduzidas em função do incômodo que provocaram.
A novela surpreendeu ao mostrar um beijo entre duas mulheres, o primeiro numa telenovela brasileira, e o autor se animou a prometer que estenderia a ousadia, apresentando um beijo entre dois homens.
Em comunicado divulgado na quinta-feira, a emissora informou, porém, que desistiu da ideia. Diz o texto: "O SBT realizou uma pesquisa para avaliar o desempenho de 'Amor e Revolução'. A pesquisa apontou a insatisfação do público em geral em relação as cenas de violência demasiada e beijo gay explícito."
Ao dar ao público o poder, de fato, de reescrever a sua novela, o SBT torna secundário o papel do autor que assina a novela. E reforça a impressão de que o tal beijo entre as duas personagens femininas não passou de uma estratégia de marketing, mal-sucedida.
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