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Galvão elogia visual de Robinho, terno de Mano e ri do frango de Julio Cesar

Mauricio Stycer

14/07/2011 01h09

O Brasil sofreu para vencer o Equador na Copa América, mas quem assistiu a partida pela Globo conseguiu se divertir. Especialmente inspirado, o narrador Galvão Bueno preencheu o espaço deixado pela seleção.

O narrador fixou-se inicialmente em Robinho, e o seu novo visual. "Robinho, sem topete, caminha pelo meio", narrou. Minutos depois, voltou ao assunto: "Robinho, sem topete e vontade de jogar bola".  Em seguida, elogiou também o "look" do técnico Mano Menezes, que vestia um terno.

Enquanto nada ocorria em campo, Galvão lembrou-se de observar que como o real está muito valorizado frente ao peso, há muitos brasileiros na Argentina. E que todos o param na rua para perguntar da seleção.

O narrador apenas não mencionou a vaia permanente que ouvia-se ao fundo da transmissão – possivelmente da maioria de torcedores argentinos e equatorianos no estádio.

Depois do primeiro gol de Caicedo, do Equador, empatando a partida num frangaço de Julio Cesar, a câmera fixou-se no rosto enfurecido do técnico brasileiro, mas Galvão viu outra coisa: "A expressão do Mano é de perplexidade como a de todos nós".

A piada sobre o frango não tardou. "Fala você ou falo eu?", perguntou Galvão. E Casagrande: "Eu falo. Julio Cesar cai tarde no chute do Caicedo"

O repórter Mauro Naves tentou animar o público resgatando uma estatística sobre a falta de vitórias do Equador em Copas América. Como um legítimo torcedor, completou a explicação: "Não há de ser hoje".

A ousadia de fazer uma piada sobre Julio Cesar aparentemente deixou o narrador culpado. Galvão encaixou então uma série de elogios ao goleiro, culminando na frase mais grotesca da noite: "O Julio tem como característica quando ele falha ele se agiganta no jogo".

O empate poderia obrigar o Brasil a disputar um sorteio com a Venezuela para definir o líder do grupo. Casagrande não se conformou: "Disputar na moedinha com a Venezuela é demais", lamentou.

Minutos depois, Caicedo empatou a partida pela segunda vez, em nova falha do goleiro. Galvão Bueno desesperou-se. "Tem que marcar o Caicedo", ensinou o narrador. "Ó o Caicedo, marca ele!", gritou, apavorado, em outro lance. Com razão, diga-se.

O Brasil vencia o jogo por 3 a 2 quando Caicedo acertou um chute fraco na direção do gol do Brasil. Uma bola fácil, aparentemente, mas que deixou o narrador tenso. Só quando o goleiro brasileiro a defendeu, Galvão soltou a voz: "Agarra, Julio! …É um grande goleeiroo"

Foto: Fernando Vergara/AP

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.