Quanto vale a comemoração de um gol?
Lamento muito, mas não me espanto nem um pouco com a notícia de que jogadores do Palmeiras foram orientados a comemorar gols fingindo que dirigem carros. Trata-se de uma ação de marketing orientada, tudo indica, pelo principal patrocinador do time, uma montadora de automóveis, a Fiat.
Não é o primeiro caso do tipo, e nada indica que será o último. Ainda na década de 90, Ronaldo comemorou gols levantando o dedo indicador da mão direita, querendo dizer que era o número um, mesmo slogan da cervejaria que o patrocinava, a Brahma.
Mais recentemente, jogadores de inúmeros times começaram a comemorar gols imitando um João Bobo, atendendo o apelo de um programa de esportes na televisão, o "Esporte Espetacular", que criou uma promoção e batizou o boneco como João Sorrisão.
A transformação do futebol em negócio bilionário, um processo iniciado há mais de 25 anos, é irreversível – e pode ser positiva para o esporte. Não adianta chorar pela época do "futebol romântico", em que jogadores assinavam contratos em branco, jogavam contundidos e tinham amor pelos clubes.
A questão é estabelecer limites. Transformar a comemoração de um gol em peça de marketing, em mercadoria, me parece claramente um avanço de sinal. O problema é que os clubes precisariam ter saúde financeira para não se tornarem reféns de seus apoiadores e patrocinadores. O que está longe de ser o caso hoje no Brasil.
Em tempo: Merece registro o comentário de Casagrande, na Globo, depois da eliminação do Brasil na Copa América: "Senti uma autoconfiança, uma soberba nos movimentos dos jogadores. Nós jogamos futebol. Marketing, aparecer, fazer pose pra aparecer no telão ou pra fazer propaganda é outra história". Como mostra o episódio "João Sorrisão", a Globo também tem sua parcela de responsabilidade nisso.
Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress
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