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Silvio Santos ironiza a Record e diz que a Globo é um “muro”

Mauricio Stycer

22/08/2011 10h05

Bem à vontade, de chinelos, short rosa e camisa florida, Silvio Santos foi sabatinado por funcionários do SBT no Hotel Jequitimar, no Guarujá, por ocasião dos 30 anos da emissora. Na sua primeira intervenção, o empresário e apresentador reafirmou que a ambição de sua emissora é mesmo a vice-liderança. Ultrapassar a Globo é impossível, disse, fazendo uma menção "especial" à emissora que concorre com o SBT pelo segundo lugar:

Nós de televisão estamos vendo que por mais que a Record queira se aproximar da Globo, em todos esses anos ela não passou de onze pontos e ultimamente ela tem caído para dez, nove, oito pontos. O que significa que o público, dificilmente, vai deixar a Globo. A Globo é um muro. E ultrapassar esse muro a gente só consegue de vez em quando. É claro que se você tem um jogo de futebol entre Corinthians e São Paulo na Bandeirantes, isso pode dar 30, 40 pontos, mas no dia seguinte as pessoas voltam para a Globo. A gente já sabe que lutar contra a Globo, na minha opinião, é impossível.

Questionado sobre os "segredos do Silvio Santos empresário", ele respondeu, primeiro, que não se importa "com elogios e críticas". Depois ensinou:

Se você vai entrar num mercado, não importa que ele tenha um líder, e que você nunca possa se aproximar do líder. Se você não sonhar alto, se você administrar bem a sua empresa com os pés no chão, não se preocupando nem com o primeiro colocado, nem com o segundo, nem com o último, se você fizer aquilo que a sua intuição manda, e usar o bom senso, deixando de lado a vaidade, você tem todas as possibilidades de conseguir o seu objetivo.

E a lição prosseguiu:

Só não consegue o seu objetivo quem sonha demasiado, quem pretende dar o passo mais alto que a perna, quem acredita que as coisas são fáceis. Todas as coisas são difíceis. Todas as coisas têm que ser lutadas. Quando você consegue uma coisa fácil, desconfie. Porque ela não é tão fácil quanto parece. Continue trabalhando, continue apostando na sua intuição, continue com os pés no chão, e não se importe com o que a sua esposa fala, com o que os seus filhos falam, com o que os seus amigos falam. Se importe com aquilo que você vive, o seu dia-a-dia. Pelo menos foi assim que eu consegui, de camelô a ser banqueiro (risos).

Silvio Santos disse ainda que seu grande sonho sempre foi ter uma vida de classe média:

Sempre sonhei em ter no Brasil uma vida como os americanos têm nos Estados Unidos. Eu sempre achei que a melhor maneira de se viver é se viver como um cidadão de classe média. Tudo aquilo que passa de alguém que possa ter o suficiente para viver como um cidadão de classe média, na minha opinião, amalucada, como eu já disse, é troféu. O dinheiro para mim representa apenas troféus de sucesso, troféus de vitória.

O longo discurso, quase uma palestra de auto-ajuda, foi exibido na noite de domingo, no SBT. Veja abaixo:

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.