Multishow “desafina” na cobertura do Rock in Rio
Mauricio Stycer
26/09/2011 07h02
Duas ex-VJs da MTV, Didi Wagner e Luisa Micheletti, foram escaladas para o trabalho mais difícil, o de entreter o público entre um show e outro. Como os atrasos são enormes, sobra tempo e falta assunto para a dupla. Sem informações, poucos entrevistados e quase nada de novo para dizer, Didi e Luisa não conseguem disfarçar a encheção de linguiça.
Sem repertório, Beto Lee apressa-se a passar o pepino "para o estúdio", onde as apresentadoras se desesperam: "Ah, tamo aqui, né, Beto. Temos um estúdio", disse a certa altura Luisa, a mais nova, e deslumbrada, das duas.
No sábado, as entrevistas de Dani Monteiro foram bem mais comportadas e sem graça, e no domingo, para piorar, ela abandonou a área vip e ficou conversando apenas com fãs de rock na pista do Rock in Rio.
A desorganização do Multishow saltou aos olhos no domingo. Enquanto o site da emissora divulgava a lista de músicas que o Metallica ia tocar no show, Didi e Luisa, às cegas, falavam sobre o que tinha acontecido no primeiro dia do evento. Só mais de 10 minutos depois de aparecer na internet é que as duas receberam cópia do set list – e não entenderam direito o que ela dizia.
O ponto alto da cobertura nos três primeiros dias foi a câmera do Multishow nos bastidores, entre os camarins e o palco. Por meio dela, o público vê a chegada e a saída dos músicos, instantes antes e depois dos shows. Num destes flagrantes, o espectador conseguiu acompanhar a saída de Lemmy, "presidente do mundo", que foi tomar satisfações com um engenheiro de som sobre os problemas que ocorreram durante o show do Motorhead.
Apresentadores com conhecimento musical mais abrangente e mais jogo de cintura para enfrentar as dificuldades ao vivo ajudariam na maratona do Multishow. Mais repórteres e mais reportagens preparadas com antecedência também fariam diferença na cobertura.
Em tempo: A cobertura completa do UOL Música Rock in Rio pode ser lida aqui.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.