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Do riso ao repúdio de Luque: o giro que uma “piada” de Rafinha pode dar

Mauricio Stycer

30/09/2011 19h00

As "piadas" de Rafinha Bastos na bancada do "CQC" já formam volume suficiente para organizar uma antologia das "maiores grosserias" ditas na televisão brasileira. Como o público, em sua maioria adolescente, já está habituado e aparentemente até gosta, as "piadas" não costumam ter muita repercussão.

Quando, porém, Rafinha atinge figuras muito conhecidas e poderosas, as barbaridades que diz no programa costumam tomar outra proporção, provocam protestos e, às vezes, até pedidos de desculpas. Foi o que ocorreu recentemente com uma grosseria que disse a respeito da apresentadora Daniela Albuquerque, mulher do dono da RedeTV!, Amilcare Dalevo.

Há duas semanas, o alvo foi Wanessa Camargo, que está grávida. Depois de um comentário de Marcelo Tas, sobre como a cantora está bonita, Rafinha disse: "Eu comeria ela e o bebê". Tas e Marco Luque riram, ainda que constrangidos, do comentário do colega de bancada.

Uma semana depois, a jornalista Monica Bergamo informou  que o ex-jogador Ronaldo, amigo dos integrantes do "CQC", tendo inclusive participado de um programa como "apresentador", estava chateado por causa da piada de Rafinha. Ronaldo é sócio do empresário Marcus Buaiz, marido de Wanessa. Ainda segundo Monica Bergamo, Buaiz tem a intenção de processar Rafinha.

Um dia depois, em sua coluna, Flavio Ricco contou que diretores da Band cogitaram afastar Rafinha do programa. Nesta sexta-feira, quase duas semanas depois do ocorrido, Marco Luque divulgou uma nota de repúdio ao comentário do colega de bancada.

Tudo indica que o episódio ainda não está encerrado. Por ora, dá para resumir o enredo da seguinte forma, parafraseando o poema "Quadrilha", de Carlos Drummond de Andrade:

Marco Luque, garoto-propaganda da Claro, repudia piada de Rafinha Bastos, que ofendeu Wanessa Camargo, mulher de Marcos Buaiz, sócio de Ronaldo Nazário, que também é garoto-propaganda da Claro e amigo pessoal de Luque.

 

Veja abaixo a "piada" de Rafinha e a reação de Tas e Luque:

[uolmais type="video" ]http://mais.uol.com.br/view/12129888[/uolmais]

 

Em tempo: Em maio, depois de Marcelo Adnet pedir desculpas por uma "piada" de mau gosto sobre autistas, escrevi o texto Em defesa do humor sem limites, que ainda representa minha opinião sobre o assunto.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.