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Futebol uruguaio dá lição ao Brasil no Pan

Mauricio Stycer

29/10/2011 18h53

Medalhas de bronze não costumam merecer mais do que um registro simples, de uma linha, ao final dos relatos sobre as vitórias e conquistas em eventos como o Pan. É natural que seja assim. No caso do futebol, em que o Brasil deu vexame e foi eliminado na fase classificatória, é provável, e até compreensível, que a medalha de bronze nem tenha merecido uma linha no noticiário.

O bronze obtido pela seleção do Uruguai, porém, é digno de uma nota maior. Por culpa de um vulcão no Chile, a equipe chegou com atraso a Guadalajara, obrigando a organização dos Jogos a adiar a sua primeira partida, contra Trinidad e Tobago.

Por conta disso, a Celeste disputou cinco partidas em oito dias. No momento mais importante, entre o fim do jogo remarcado contra a equipe caribenha, no dia 25, a partir das 10h, e a semifinal contra a Argentina, no dia seguinte, às 20h, houve um intervalo de apenas 32 horas – menos da metade do tempo (72 horas) recomendado pela Fifa.

O clássico entre uruguaios e argentinos foi duro e catimbado como sempre. Houve troca de ofensas na saída para o túnel ao fim do primeiro tempo e muitas faltas. A Argentina venceu por 1 a 0 e foi para a final.

Apenas 48 horas depois de perder para os "hermanos", o Uruguai conquistou a medalha de bronze, vencendo a Costa Rica por 2 a 1 (na foto, os jogadores comemoram a conquista). Esta poderosa seleção, como todos devem lembrar, havia eliminado o Brasil por 3 a 1 na fase classificatória.

Sou muito fã do futebol uruguaio. A seleção que veio ao Pan não fez uma boa campanha, mas pode dizer que foi prejudicada pelo absurdo calendário dos Jogos. E, além de não dar vexame, como o Brasil, ainda faturou um bronze. Nada mal.

AP Photo/Juan Karita

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.