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Cleber Machado e Casagrande evitam críticas à CBF por amistoso com Gabão

Mauricio Stycer

10/11/2011 22h36


No esforço de tornar interessante um amistoso sem nenhum atrativo, disputado por uma seleção brasileira desfigurada e o Gabão, 68º no ranking da Fifa, Cleber Machado e Casagrande se desdobraram em comentários, informações e os tradicionais exageros. Só não fizeram uma pergunta essencial: por que o Brasil se sujeitou a um jogo desses?

Para todo mundo que assistiu à partida, esta era a questão essencial: o que a seleção estava fazendo no meio daquele lamaçal? Cleber e Casagrande até constataram e lamentaram o estado do gramado, mas não acharam necessário questionar a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) por aceitar disputar um amistoso nestas condições.

Cleber preferiu desfiar conhecimentos de almanaque (talvez da Wikipédia) sobre o Gabão a perguntar sobre o sentido desta partida. "O presidente do Gabão gosta muito de futebol", disse. "O país tem minérios", observou.

É verdade que o narrador até ameaçou uma crítica a respeito da escolha do adversário do Brasil. "A seleção de Gabão não é uma das mais tradicionais da África", disse. "Uma seleção que não tem tradição mesmo no continente africano". Mas logo compensou, observando: "O Brasil vai enfrentar um time empolgado, que joga a partida mais importante da história do país".

Mauro Naves, direto de Libreville, bem que levantou a bola para um assunto polêmico: Mano Menezes chegou neste amistoso a 60 jogadores diferentes. Mas nem Cleber nem Casagrande acharam que era um bom tema e não comentaram nada a respeito.

Ao final da transmissão, quando faltavam dois minutos para o encerramento da pelada, a dupla finalmente deixou escapar uma observação mais contundente, cobrando um time e amistosos contra equipes mais qualificadas. Em resumo, um amistoso absurdo, de baixa qualidade, com uma transmissão que falou muito, mas disse pouco.

Este texto foi publicado no UOL Esporte.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.