Topo

Um quarto de século depois, Paulo Coelho ainda reclama de "apanhar" da crítica

Mauricio Stycer

25/11/2011 12h08

Ana Maria Braga dedicou todo o seu "Mais Você" desta sexta-feira a uma entrevista com Paulo Coelho. O encontro ocorreu no apartamento do escritor em Genebra, na Suíça. Foi, para os padrões do matinal da Globo, um programa surpreendentemente sem exageros ou apelações.

Sóbria, Ana Maria quase não bajulou o seu entrevistado, que retribuiu com uma  entrevista honesta. Não falou maiores novidades, mas contou boas histórias da parceria com Raul Seixas, da difícil relação com os pais, do casamento de 32 anos com Cristina Oiticica, dos altos e baixos da fé e do seu processo criativo.

Paulo Coelho mostrou o seu escritório (sem livros) para Ana Maria, simulou no jardim uma aula sobre como fazer caminhadas e partilhou com o público uma visita ao bizarro bunker, capaz de proteger os moradores do prédio de um ataque nuclear, a cem metros de profundidade.

Aos 64 anos, o escritor brasileiro que mais vendeu livros no mundo sugere ser um homem em paz. Amado pelos leitores, reverenciado pelos poderosos, entre os quais Barack Obama, a sua realização parece completa. Parece. Existe uma pedra no sapato, que ele não consegue tirar.

"As críticas me ajudaram também a amadurecer. Porque você acha, quando faz sucesso, que todo mundo vai te amar. Ou, eu achava. Quando meus livros começaram a vender, vender, vender, isso lá em 1990, eu comecei a apanhar. E aí eu disse: Mas como? Eu não mereço isso. Então eu disse: vou continuar a fazer o que eu sempre quis fazer, a escrever da maneira que eu sempre quis escrever. E vamos ver quem ganha essa batalha. Vinte e cinco anos depois do 'Diário de um Mago'… eu apanhei, combati o bom combate, mantive a fé"

Mesmo interrompido por Ana Maria Braga, que não o deixou completar o seu desabafo, Paulo Coelho deixou escapar, por um breve instante, que é humano.

Em tempo: Em comentário enviado ao blog, Paulo Coelho diz: "Bem, reclamar não é exatamente a palavra…Mas se me humaniza, melhor assim."

Leia mais sobre a entrevista aqui.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.