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Em novo programa, Roberto Justus exibe o mesmo topete, o mesmo sorriso e o mesmo ego

Mauricio Stycer

18/12/2011 16h06

"Uma prévia" da atração que apresentará em 2012, avisou Roberto Justus no início. "Um embrião", explicou no fim.  "Um programa que é mais: mais informação, mais de mim para vocês, este é um programa totalmente diferente", prometeu.

Exibido pela Record no final da noite de sábado, o especial teve, na verdade, só uma coisa a mais: mais do mesmo Justus de sempre. O mesmo topete, o mesmo sorriso, o mesmo ego.

Emblemático da falta de assunto de um programa sobre "criatividade", Justus falou, literalmente, da invenção da roda, com a ajuda de uma ilustração animada. "A criatividade revoluciona as nossas vidas", disse.

O primeiro entrevistado foi Walter Longo, que trabalha numa das empresas de Justus. O segundo a falar foi o brasileiro Mike Krieger, um dos criadores do Instagram, um aplicativo para iPhone que mistura recursos para fotos e rede social.

Primeira frase de Justus para Krieger: "Algumas coisas me deixam encantado na sua história. A primeira é que você estudou na mesma escola que a minha filha". Pano rápido.

Terceiro entrevistado, o publicitário Nizan Guanaes foi apresentado como "uma das figuras mais carismáticas do mundo da publicidade". Justus conseguiu a inacreditável proeza de falar mais do que o sempre loquaz Nizan.

Quarto entrevistado: o cacique Almir Suruí, famoso por ter aproximado os índios de sua tribo do Google. Pergunta de Justus: "Arco e flecha ou iPhone, qual é a arma mais eficiente?" Educadíssimo, Almir teve a paciência de explicar: "Não é mais eficiente. É um diálogo".

Um diálogo que Justus parece incapaz de compreender no comando de um programa de entrevistas.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.