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"Pegadinha" na seleção compromete a final do “Aprendiz”

Mauricio Stycer

21/12/2011 01h50

Exibido ao vivo, do Memorial da América Latina, a final da oitava edição do "Aprendiz" foi marcada por excesso de erros e gafes. A mais grave – e inexplicável – foi a descoberta de que uma das finalistas tinha pouco conhecimento de inglês.

A disputa final envolveu justamente uma prova nos Estados Unidos, na qual Renata demonstrou enormes dificuldades para se comunicar. Uma situação esdrúxula, incompreensível para quem estava acompanhando o programa.

"Duas finalistas que, tenho certeza, vão ficar na história", exagerou João Doria Jr. logo no início. "Poucas vezes tive que tomar uma decisão tão difícil", disse o apresentador, sem convencer ninguém. "O nível de exigência foi máximo", observou, ignorando que Renata foi selecionada mesmo sem saber falar inglês.

Apesar do suspense criado por Doria, não houve dúvida alguma que Janaína (na foto entre a avó e o apresentador) seria a vencedora do prêmio de R$ 1,5 milhão.

Diante deste quadro, outras gafes e erros de Doria, como trocar Amapá por Macapá e chamar um patrocinador pelo nome de um concorrente, soaram mais como piadas.

Mais informações sobre a final do Aprendiz podem ser lidas aqui. Outro problema na seleção dos participantes do reality show, a escolha de uma candidata que trabalha para um dos patrocinadores, havia sido apontado anteriormente por mim neste texto.

Atualizado às 11h30: O leitor Myckon Freitas (@myckon) me enviou uma mensagem ontem (só vi hoje de manhã) que diz muito sobre a produção brasileira do "Aprendiz". O nome do criador do programa, o britânico Mark Burnett, aparece grafado de forma errada, com um tê apenas, na vinheta de abertura do reality da Record. Myckon diz que alertou a produção "há semanas", mas não foi ouvido. "Nem hoje, na final, eles consertaram". Desleixo, diz o leitor-detetive.

Atualizado às 13h: Fui informado que o domínio da língua não era uma exigência para participar do programa. Os candidatos declaravam o seu grau de conhecimento no momento da inscrição. Se mentissem, o problema seria deles. Duas provas na oitava edição do "Aprendiz" envolveram o conhecimento de inglês. Teria sido, então, uma "pegadinha" da seleção, e não uma falha, como apontei originalmente no título. Em todo caso, tirou totalmente a graça da final.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.