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Pacto com o público ajuda a explicar o sucesso de “Meia-Noite em Paris”

Mauricio Stycer

24/01/2012 16h15

Ver Woody Allen indicado ao Oscar é sempre motivo de alegria – um claro sinal de reconhecimento de uma produção muito acima da média de Hollywood. Mas as quatro indicações (filme, direção, roteiro e direção de arte) conseguidas por "Meia-Noite em Paris" fazem pensar sobre o tipo de cinema que agrada hoje ao público médio americano.

O sucesso de "Meia-Noite em Paris" se deve, creio, a um truque pouco comum nos filmes de Woody Allen: um pacto com os espectadores, que leva muitos a deixarem a sala de cinema se achando mais espertos e inteligentes do que quando entraram.

Normalmente sutil, o cineasta trata todos os personagens do filme como bobos – a começar pelo protagonista, Gil (Owen Wilson), que vive a fantasia de circular pela Paris de seus heróis literários, Hemingway, Fitzgerald & Cia.

Nesta viagem de Gil pelo túnel do tempo, Woody Allen reproduz todos os clichês e idealizações conhecidos sobre a época e seus personagens. Assim, não precisa explicar nada – e o espectador sai feliz do cinema por entender tudo.

Woody Allen já ganhou três Oscars – pela direção e roteiro de "Annie Hall" e pelo roteiro de "Hannah e Suas Irmãs". Também já foi indicado, sem ganhar, por "Manhattan", "Interiores", "Broadway Danny Rose", "A Rosa Púrpura do Cairo", "Rádio Days", "Crimes e Pecados", "Tiros na Broadway", "Desconstruindo Harry", "Simplesmente Alice", "Maridos e Esposas", "Poderosa Afrodite" e "Match Point".

Em todos estes, Woody Allen exigiu mais do público do que em "Meia-Noite em Paris".

Em tempo: Veja a página especial do Oscar do UOL Cinema com informações, fotos e vídeos dos indicados. Se você ainda não viu, publiquei abaixo um trailer de "Meia-Noite em Paris":

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.