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“BBB” melhora, mas não se livra de fantasmas

Mauricio Stycer

09/02/2012 05h01

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Fiz um breve comentário (acima) sobre o "BBB12" para a TV UOL na quarta-feira. Observo que, para quem se diverte com intrigas, brigas e confusões deste tipo, o programa está ficando muito bom. Ao mesmo tempo, porém, o reality não consegue se livrar dos problemas que o afligem desde o início, em especial a eliminação do modelo Daniel, com a conseqüente queda no número de ações de merchandising, como noticiou a "Folha".

Como prometi, tenho evitado ao máximo falar de "BBB" aqui no blog. Os meus textos sobre o assunto estão sendo publicados na página especial do UOL. Abro esta exceção para republicar abaixo um texto que gostei de ter escrito, sobre o mais recente discurso do apresentador Pedro Bial, que diz algumas coisas que penso sobre este reality show.

Bial vê 'guerra' com quem assiste, mas não gosta do 'BBB'

Num discurso claro e coerente, artigo cada vez mais raro no "BBB", o apresentador Pedro Bial aproveitou a eliminação de Ronaldo para se dirigir ao público do programa, a respeito de quem fez várias considerações interessantes. Sem poesia.

Primeiro, Bial esclareceu que seus discursos de eliminação, quase sempre incompreensíveis, não são dirigidos aos candidatos. "Parte do público acha que quando faço o discurso de eliminação estou me dirigindo a vocês", disse aos confinados. "Vocês funcionam como uma cortina de filó, uma transparência entre mim e eles (o público)".

O apresentador, então, manifestou estranheza com o fato de existir uma parcela do público que assiste ao "BBB" mesmo não gostando do reality show. "Este programa é tanto que ainda suscita mais que espectadores. Espectadores assíduos, divididos entre a favor e contra, acreditem", disse, antes de ironizar. "Na 12ª edição!!!"

Na visão de Bial, esta parcela do público vê o programa como se estivesse participando de uma guerra. "Contra ou a favor não deixam de assistir, como se fosse guerra fria, como se não fosse um programa de televisão."

Em seguida, o apresentador concluiu: "E é verdade. Não é só um programa de televisão. É um espetáculo de natureza humana que, ao contrário do que rumina o senso comum, sem dúvida revela muito mais sobre a natureza de quem espia do que de quem é espiado", disse. "Revela muito mais sobre quem vê do que sobre vocês que estão aí para ser vistos."

Gostaria de comentar dois aspectos do discurso. Primeiro, que acho normal parte do público assistir ao "BBB" mesmo não gostando do programa. O próprio Bial contou no "Altas Horas", de Serginho Groisman: "Eu gosto de ver coisa ruim na televisão. Os piores programas. É onde eu aprendo mais". Ao que Boni, que estava presente, o interrompeu: "Quer dizer que você assiste o BBB!?". Risos gerais…

Concordo inteiramente com Bial quando ele diz que o "BBB" revela muito mais sobre quem assiste ao programa do quem sobre quem está confinado. Mais do que espiar, o prazer de um reality show de confinamento é a possibilidade de julgar o outro. E, ao julgar, o público revela seus valores, suas preferências, seus preconceitos.

Só acrescentaria algo ao discurso de Bial. Tanto quanto sobre o público, o "BBB" também revela muito sobre quem faz o programa, em especial sobre quem seleciona os participantes, edita, dirige e apresenta o reality show.

Este texto foi publicado originalmente aqui, dentro do site UOL BBB12.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.