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Artistas impõem cada vez mais limites para falar com jornalistas

Mauricio Stycer

28/02/2012 10h21

O colega e amigo Lucio Ribeiro publicou nesta segunda-feira, na "Folha" e em seu blog no UOL, entrevista com o cantor Morrissey. Transparente, o repórter revelou logo na introdução as três condições impostas pelo staff do músico para conversar: "Tem que ser por email, no máximo quatro perguntas e nada de falar sobre os Smiths".

"O Globo" e o "Estadão" desta segunda-feira também trazem entrevistas com Morrissey, igualmente feitas por e-mail e sem menções aos Smiths. O músico respondeu a sete perguntas do jornal carioca e a quatro do diário paulista.

Os limites impostos ao trabalho de jornalistas que cobrem a indústria do entretenimento são cada vez maiores. São conhecidos os casos de artistas que exigem que as suas fotos para a capa de algumas revistas sejam feitas por determinado fotógrafo. Ou que estabelecem, como fez Morrissey, os assuntos que podem e os que não podem ser abordados, bem como a duração dos encontros com os repórteres.

Limitações semelhantes afetam também, cada vez mais, o jornalismo esportivo. Repórteres enfrentam grandes dificuldades para abordar jogadores sem o filtro de assessores.

Acho louvável informar ao leitor sobre as condições e limites do trabalho, como fez Lucio. Mas lanço uma provocação. Numa situação como esta não seria ainda mais interessante recusar a entrevista e informar ao leitor das razões?

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.