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O que falta aos seriados brasileiros?

Mauricio Stycer

14/03/2012 19h41

Concordo com Aguinaldo Silva, um fã de grandes seriados americanos, como "Sopranos", que disse no último "Roda Viva", na TV Cultura: "Precisamos aprender o jeito de fazer seriados. Ainda fazemos uma coisa muito primitiva, o seriado americano dos anos 80. A gente precisa aprender a fazer no Brasil."

O que falta aos seriados brasileiros? Nesta terça-feira, estreou "Louco por Elas", novo investimento da Globo no gênero. Meu texto sobre o programa foi publicado aqui, no UOL Televisão, e está reproduzido abaixo:

"Louco por Elas" tem qualidade e diverte, mas não surpreende

Apesar da paixão do brasileiro por novelas, parece claro, no campo da televisão, que os seriados são um formato mais viável para os tempos atuais. A Globo vem intensificando a sua produção neste terreno, com resultados ainda medianos.

Primeiro novo produto da safra de 2012, "Louco por Elas", que estreou nesta terça-feira, é típico do modelo que a emissora está apostando: comédias leves, com texto "esperto", edição ágil, nomes de ponta no elenco e iscas para fisgar o universo da chamada nova classe média.

A série gira em torno de Leo (Eduardo Moscovis), técnico de futebol feminino de praia, que dirige um Passat caindo aos pedaços e comanda um lar formado por mulheres engraçadas: Violeta (Gloria Menezes), a avó desmiolada; Giovanna (Deborah Secco), a ex-mulher muito presente; Theodora (Laura Barreto), a filhinha esperta; e Barbara (Luisa Arraes), a enteada rebelde.

Comédias em torno de famílias formam uma espécie de gênero no mundo dos seriados. Há inúmeras delas em exibição no momento na TV paga, algumas excelentes, como "Modern Family", e várias que acrescentam pouco. Mesmo a Globo tem uma ótima, "A Grande Família", em seu cardápio. Não vejo isso como um problema.

Bem realizado, o novo seriado cumpre com competência o seu objetivo número um: entretenimento de qualidade. Não causa nenhum constrangimento, como "Macho Man", por exemplo. Muito pelo contrário. O programa de João Falcão, escrito e dirigido por uma turma afiada, divertiu do início ao fim.

Ainda é cedo para uma avaliação mais rigorosa, mas é preciso dizer que o programa frustrou a expectativa de quem sonhava com situações mais surpreendentes ou tipos mais fascinantes. Há um tanto de "dejà vu" neste universo carioca e praiano. Superada a apresentação dos personagens principais, parece justo esperar que "Louco por Elas" diga a que veio nos próximos episódios.

TV GLOBO / Fabrício Mota

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.