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“Quem gosta, vê o BBB como a vida” diz o leitor. Será que já assistiu a “Jogos Vorazes”?

Mauricio Stycer

01/04/2012 15h57

Encerrado na quinta-feira, 29 de março, a décima-segunda edição do "BBB" teve, a meu ver, dois momentos notáveis. O primeiro, ainda cercado de mistério, foi a eliminação do modelo Daniel, acusado pela Globo de "comportamento gravemente inadequado". O segundo, a eliminação da estudante de medicina Laisa, no paredão com maior participação do público em todo o programa.

Laisa teve 88% dos quase 50 milhões de votos, ou seja, cerca de 44 milhões de votos. Rafa, em outro paredão, foi rejeitado por 92% dos votos, mas com "apenas" 27 milhões de votos. Fael, o vencedor do programa, teve 92% de 43 milhões de votos, ou 39,5 milhões, na última votação.

Laisa foi, claramente, a personagem que mais chamou a atenção no programa. Em defesa de sua passagem pelo "BBB", escrevi Por que "a maior estrela" do "BBB12" foi também a mais rejeitada?. A certa altura, anotei:

Gosto de quem agita, articula, manipula, trai, mente, namora, dá a cara a tapa, não se importando com nada. Gosto de quem tem coragem de aprontar, sem se preocupar com o dia de amanhã. De quem é politicamente incorreto, de quem expõe os seus preconceitos, fala o que passa pela cabeça e se diverte.

Entre as centenas de manifestações furiosas que recebi, uma me chamou a atenção em especial. Disse o leitor: "Você não percebe. Quem gosta, vê o BBB como a vida. Como pode ser crítico?"

Voltei ao comentário do leitor depois de assistir ao filme "Jogos Vorazes". Para quem ainda não viu, um breve resumo. No mundo imaginado por Suzanne Collins, autoria da história, 24 jovens são obrigados a disputar um jogo de sobrevivência que só termina quando resta um único candidato vivo. O reality show é realizado uma vez por ano, com transmissão pela televisão.

O diretor do programa, subordinado diretamente ao ditador que comanda o país, altera as regras quando bem entende e cria situações de maneira a alterar o comportamento dos participantes.

Suzanne Collins já disse que a ideia para o livro, agora transformado em filme, lhe ocorreu enquanto via televisão, zapeando entre cenas de um reality show e da Guerra no Iraque. Será que meu leitor, que enxerga o "BBB" como a vida, já viu o filme?

Em tempo: Meu balanço sobre o "BBB12" pode ser lido no texto Em edição para esquecer, coelhos tirados da cartola de Boninho não fizeram mágica

Leia mais: Ficha técnica, trailer, fotos e crítica de "Jogos Vorazes" podem ser vistos aqui.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.